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Affonso Romano de Sant’Anna – Poesia – 18/12/23

Boa noite Leitura natural Affonso Romano de Sant’Anna¹ Tendo lido os jornais — infectado a mente, enauseado os olhos — descubro, lá fora, o azul do mar e o verde repousante que começa nas samambaias da sala e recrudesce nas montanhas. Para que perco tantas horas do dia nessas leituras necessárias e escarninhas? Mais valeria, talvez, nas verdes folhas, ler o que a vida anuncia. Mas vivo numa época informada e pervertida. Leio a vida que me imprimem e só depois o verde texto que me exprime. in Epitáfio para o Século XX e Outros Poemas ¹ Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937

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Affonso Romana de Santana – Versos na tarde – 08/03/2014

O Amor e o Outro Affonso Romano de Sant’Anna ¹ Não amo …………… melhor nem pior do que ninguém. Do meu jeito amo. Ora esquisito, ora fogoso, às vezes aflito ou ensandecido de gozo. Já amei ……………até com nojo. Coisas fabulosas acontecem-me no leito. Nem sempre de mim dependem, confesso. O corpo do outro é que é sempre surpreendente. ¹ Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Affonso Romano de Sant’Anna – Versos na tarde – 04/10/2013

Conjugação Affonso Romano de Sant’Anna¹ Eu falo tu ouves ele cala. Eu procuro tu indagas ele esconde. Eu planto tu adubas ele colhe. Eu ajunto tu conservas ele rouba. Eu defendo tu combates ele entrega. Eu canto tu calas ele vaia. Eu escrevo tu me lês ele apaga. ¹Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Affonso Romano de Sant’Anna – Versos na tarde – 27/05/2013

Letra: Ferida Exposta ao Tempo Affonso Romano de Sant’Anna¹ É forçoso dizer que me faz falta o poema que existe e nunca li, como se alhures brotassem coisas que não vi e que distantes, carentes, dependessem de mim. Algo como se o intocado fosse a sinfonia inacabada, mais:rasgada como o quadro nunca esboçado, perdido na abatida mão do artista. O ausente é uma planta que na distância se arvora e é tão presente quando o passado que aflora. E a literatura, mais que avenida ou praça por onde cavalga a glória, é um monumento, sim, de dúbia estória: granito e rima, alegoria ao vento, lugar onde carentes e arrogantes cravamos nosso nome de turista: -estive aqui, desamado, riscando a pedra e o tempo expondo meu sangue e nome com o coração trespassado.27/03/1937 ¹Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Affonso Romano de Sant’Anna – Versos na tarde

A Implosão da Mentira Fragmento 2. Affonso Romano de Sant’Anna ¹ Evidente/mente a crer nos que me mentem uma flor nasceu em Hiroshima e em Auschwitz havia um circo permanente. Mentem. Mentem caricatural- mente. Mentem como a careca mente ao pente, mentem como a dentadura mente ao dente, mentem como a carroça à besta em frente, mentem como a doença ao doente, mentem clara/mente como o espelho transparente. Mentem deslavadamente, como nenhuma lavadeira mente ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem com a cara limpa e nas mãos o sangue quente. Mentem ardente/mente como um doente em seus instantes de febre. Mentem fabulosa/mente como o caçador que quer passar gato por lebre. E nessa trilha de mentiras a caça é que caça o caçador com a armadilha. E assim cada qual mente industrial? mente, mente partidária? mente, mente incivil? mente, mente tropical?mente, mente incontinente?mente, mente hereditária?mente, mente, mente, mente. E de tanto mentir tão brava/mente constroem um país de mentira -diária/mente. ¹ Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Affonso Romano de Sant’Anna – Versos na tarde

Fascínio Affonso Romano de Sant’Anna ¹ Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis. Não deveria, dizem. Me esforço. Aliás, já nem me esforço. Abertamente me ponho a admirá-las. Não estou traindo ninguém, advirto. Como pode o amor trair o amor? Amar o amor num outro amor é um ritual que, amante, me permito. ¹ Affonso Romano de Sant’Anna * Belo Horizonte, MG. – 27 de Março de 1937 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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