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Olimpíadas – Medalha de ouro para o Rio, diz ‘Economist’

Prefeitura do Rio de Janeiro cai nas graças da revista inglesa, que elogia a condução dos projetos de renovação de espaços urbanos na Cidade Olímpica. Eduardo Paes, o mais novo queridinho da ‘Economist’ (Foto: Wikipédia) A revista inglesa Economist desta semana chove elogios na prefeitura do Rio de Janeiro pela sua condução de projetos de renovação urbana ligados aos Jogos Olímpicos. “O Rio de Janeiro é um oásis em um deserto político e econômico chamado Brasil”, diz a revista, fazendo um contraponto entre a recessão econômica e o escândalo de corrupção que paralisaram Brasília e os esforços do prefeito Eduardo Paes em preparação aos Jogos. Ao contrário dos atrasos nos preparativos para a Copa de 2014, a revista afirma que as instalações do Parque Olímpico estão praticamente prontas há cinco meses dos Jogos. Também minimiza o impacto das três maiores preocupações com o evento: a poluição na Baía de Guanabara, os atrasos na nova linha de metro ligando Ipanema à Barra da Tijuca e a epidemia de zika vírus. “Paes diz que as competições acontecerão na boca da baía, onde a água é limpa, e que dois eventos-teste correram bem”, diz a revista. Quanto ao metrô, a revista também repete o discurso oficial da prefeitura, que garante que a linha estará pronta em tempo e que 90% do trabalho já foi feito. A Economist acrescenta que as férias escolares irão coincidir com o evento, aliviando os congestionamentos na cidade. Epidemia de Zika  A maior preocupação é o zika vírus, que já infectou cerca de 1,5 milhão de brasileiros desde que foi descoberto pela primeira vez no país no ano passado. O último boletim do governo confirmou 641 casos de microcefalia e os números não param de crescer. No Rio, um terço das habitações carece de saneamento básico, e a população não tem a disciplina para monitorar possíveis criadouros semanalmente. Mesmo diante desse cenário a revista tranquiliza o leitor, lembrando que o evento vai acontecer nos meses frios e secos de agosto e setembro, quando a população do Aedes aegypti tende a cair drasticamente. “Embora as mulheres grávidas e seus parceiros sexuais terão de consultar um especialista, para a massa dos fãs de esportes o  vírus não deve ser uma preocupação”, diz. “Há muito a celebrar sobre as Olimpíadas do Rio”, conclui a revista. “A cidade tem usado os Jogos como um catalisador para uma transformação mais ampla (…) Se a renovação urbana fosse um esporte, o Rio levaria medalha de ouro”. Fontes: The Economist – An Olympic Oasis

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Zika, Dengue e quejandos:Em limbo regulatório, mosquito transgênico avança no Brasil

O uso de mosquitos transgênicos pode mudar a forma como o Brasil vem combatendo o Aedes aegypti. Mas, apesar das taxas de sucesso alardeadas por autoridades e pela empresa que inventou o novo inseto, o mosquito OX513A, como foi batizado, é polêmico. O mosquito OX513A, desenvolvido pela empresa britânica Oxitec, será liberado em larga escala em Piracicaba – Image copyright Oxitec. Produzida pela empresa britânica Oxitec, a variação genética do Aedes aegypti poderá ser o primeiro inseto do tipo a ser comercializado no mundo, mais provavelmente, no Brasil, onde vem encontrando seu mais amplo campo de testes. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou testes em 2011 e uso comercial em 2014, mas a falta de um parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trava a entrada do mosquito em um mercado que poderá representar milhões em receita para a Oxitec.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Leia também: Conheça cinco animais transgênicos e entenda argumentos contra e a favor de seu uso Um porta-voz da Anvisa disse à BBC Brasil que a agência já informou que “a empresa não poderá comercializar o produto até que conclua essa discussão sobre o enquadramento do mosquito transgênico (em uma categoria que possa ser fiscalizada de acordo com atribuições da agência)”. Diante do limbo regulatório, a Oxitec reparte com a prefeitura de Piracicaba os custos dos testes feitos com o mosquito em um bairro da cidade paulista. Piracicaba poderá se tornar a primeira cidade no país a receber a espécie em larga escala. A prefeitura decidiu ampliar os testes, liberando o OX513A também no centro da cidade, onde vivem 60 mil pessoas – contra 5,5 mil no bairro onde o inseto vinha sendo testado anteriormente. Conflito Segundo a prefeitura e a Oxitec, o Aedes aegypti modificado geneticamente tem apresentado altas taxas de performance nos testes, supostamente reduzindo em muito a ocorrência de dengue, mas os resultados são alvos de críticas por parte da comunidade científica que demonstra preocupação com a ampliação dos experimentos. Esta semana, ativistas e cientistas de Piracicaba levaram à promotora de Justiça de Direitos Humanos e Saúde Pública na cidade, Maria Christina Marton Corrêa Seifarth de Freitas, representação em que, além de voltar a questionar o uso do mosquito, pedem acesso a dados oficiais e detalhados sobre os testes realizados no projeto da Prefeitura batizado de Aedes aegypti do Bem. No ano passado, mais de 150 mil pessoas assinaram uma petição que tentava evitar os testes do OX513A na Flórida – Image copyright Other O grupo queria ainda que o Ministério Público de São Paulo barre a ampliação do projeto para o Centro. Mas, ao contrário dos ativistas, a promotora não vê conflito de interesses no fato de a Oxitec ter sido, segundo o grupo, a única a fornecer os dados que atestam a eficiência do OX513A. “Não vejo conflito de interesse. Os dados da empresa podem ser acompanhados por qualquer cientista, como definido pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de abril de 2015”, diz ela. “E, no bairro em que o transgênico foi testado, o número de casos confirmados de dengue passou de 133 em 2014 para 1 em 2015”. O TAC obrigava o município e a empresa a liberarem dados mensalmente sobre os testes em Piracicaba, o que vem sendo feito. Mas cientistas questionam o a imparcialidade dos dados apresentados nos documentos liberados até agora e pedem dados oficiais, não gerados pela empresa. “Queremos saber a eficácia antes de a prefeitura ampliar o programa. O mosquito é uma nova espécie. A transgenia está fazendo em laboratório o que a natureza levou milhares de anos para fazer. E o desenvolvimento é de uma empresa privada, que tem interesse em vender. Mas, se der errado, não tem volta”, alerta Eloah Margoni, vice-presidente da Sociedade para a Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, uma das signatárias da representação. Leia também: Especialistas alertam contra armadilha caseira de Aedes que viralizou nas redes Os questionamentos sobre o mosquito transgênico – testado na Malásia, no Panamá e nas Ilhas Cayman – não se restringem ao Brasil. No ano passado, mais de 150 mil pessoas assinaram uma petição que tentava evitar os testes do OX513A na Flórida. Como no Brasil, também nos Estados Unidos a tecnologia ainda não tem aprovação para comercialização. Em janeiro, a Federal Drugs Administration (FDA), o equivalente americano à Anvisa, informou que colocará o pedido da Oxitec para testes na Flórida sob consulta pública, antes de avaliar o impacto ambiental do uso do mosquito transgênico no local, o que, segundo a FDA, não tem data para ocorrer. ‘Cobaia’ O mosquito transgênico é modificado geneticamente para, solto no meio ambiente, levar à redução drástica da população local do inseto. Depois de fecundar fêmeasAedes aegypti selvagens, a maior parte das suas crias morre – no máximo 4% das larvas chegam à vida adulta. De acordo com a empresa que desenvolveu o inseto, ao se reduzir a população do mosquito, caem incidências das doenças transmitidas por ele, como dengue, chikungunya e zika. Mas diversos cientistas, brasileiros e estrangeiros, afirmam que os estudos feitos pela Oxitec – e aceitos pela CTNBio – não são suficientes para garantir a eficiência no combate às doenças. “A população não pode ser cobaia”, critica o biólogo José Maria Ferraz, conselheiro da CTNBio à época em que o órgão inicialmente examinou o OX513A. “Não somos contra modificações genéticas. Somos contra a forma apressada como a liberação foi feita”, diz ele, que também assinou a petição enviada ao Ministério Público em Piracicaba. Dezoito conselheiros votaram na sessão de 10 de abril de 2014 da CTNBio que liberou o mosquito transgênico – 16 a favor, um contra e uma abstenção. Pesquisador convidado do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp, Ferraz diz que a liberação do uso comercial do OX513A pelo órgão foi “obscura” e, segundo ele, levou a metade dos 5 anos pelos quais normalmente pedidos como este tramitam. “Foi um processo totalmente avesso à tradição da CTNBio. O uso do mosquito foi liberado antes de testes conclusivos, de campo e de estatística”, diz

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Zika e aborto: Camisinha é ‘decisão pessoal’ e mães devem encarar microcefalia como ‘missão’, diz arcebispo

A Igreja Católica dá “muito espaço à decisão pessoal” pelo uso de camisinhas, mas não aceita o aborto porque “ninguém pode decidir sobre vida e morte de um ser humano”, diz o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Em entrevista na Cúria metropolitana, um casarão de Higienópolis onde são tomadas decisões administrativas da arquidiocese, dom Odilo afirma que os bispos ainda não se reuniram para discutir o tema, mas que gestantes de fetos com microcefalia “devem encará-los como uma missão”. “Toda gravidez sempre envolve alguma incógnita e pode resultar em alguma anomalia, o que é indesejável. (…) Um bebê (microcéfalo), embora tenha suas limitações, pode ter certa autonomia. É uma pessoa que terá alegrias na vida. Então, (é preciso) acolher esse ser humano com suas limitações e encarar como uma missão a ser acompanhada durante toda a vida.”[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] À BBC Brasil, o arcebispo qualifica números divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e do SUS (Sistema Único de Saúde) sobre abortos realizados no Brasil como “aproximativos” e “duvidosos”. Segundo a OMS, 1 milhão de abortos ilegais são feitos por ano no país e matam uma mulher a cada dois dias. Leia também: ‘Aborto já é livre no Brasil. Proibir é punir quem não tem dinheiro’, diz Drauzio Varella “Mas não há que se duvidar que se fazem muitos abortos clandestinos e que há problemas e até mortes de mulheres”, diz. “Isso é extremamente lamentável.” Como primeira solução, ao contrário da descriminalização, o religioso defende a fiscalização e propõe que governo e autoridades combatam “clínicas e mesmo os abortos clandestinos com base na lei”. Para dom Odilo, um dos 13 filhos de imigrantes alemães que chegaram ao Rio Grande do Sul, o foco da discussão sobre o aborto está na “origem da vida dos fetos”, e não na quantidade ou na classe social das mulheres que se submetem ao procedimento – por ano, mais de 200 mil são internadas no SUS com complicações pós-aborto. “É ser humano. Ainda em formação, mas é ser humano”, afirma. “O bebê não nascido, (seja com) apenas 12 semanas ou com 20 semanas de gestação, é humano desde o primeiro instante da concepção.” Já o uso de métodos contraceptivos seria “bem diferente”, diz o arcebispo. “Não é uma solução simplista, use ou não use”, afirma. “Os casais sabem muito bem como prevenir uma gravidez indesejada. Não sou eu a ensinar.” Dom Odilo explica seu raciocínio: “Nos contraceptivos, não se trata de uma vida já gerada, mas de evitar a geração de uma vida. No caso do aborto, se trata de intervir para suprimir uma vida”. Leia também: ‘Sou plena, feliz e existo porque minha mãe não optou pelo aborto’, diz jornalista com microcefalia Para líder católico, gestantes devem encarar fetos com microcefalia como uma “missão” – Image copyright Getty ‘Não se pode culpar o governo’ Às pessoas que defendem o direito de escolha pelo aborto e afirmam que mulheres “não têm culpa” pelo fracasso na erradicação do Aedes aegypti, Dom Odilo responde que “não se pode culpar o Estado pelo fato de haver o mosquito”. “O mosquito apareceu e ele se prolifera. Mesmo que o Estado faça talvez a sua parte o mosquito vai continuar existindo”, diz Dom Odilo. “A culpa não pode ser atribuída ao Estado simplesmente. Muito menos ainda isso pode ser argumento em favor de um suposto direito que está sendo lesado.” Personalidades como o ex-ministro da saúde José Gomes Temporão, que adiantou à BBC Brasil na última quarta-feira que também vai pedir a descriminalização do aborto ao STF (Supremo Tribunal Federal), discordam e atribuem a responsabilidade ao governo. “Cerca de 80% dos focos (de zika) no Nordeste não estão lá por culpa das famílias. Elas não têm acesso a água de forma contínua, por isso estocam. O Brasil enfrenta surtos permanentes há 30 anos porque estas questões não foram atacadas”, disse Temporão. Horas depois desta entrevista com o arcebispo, a presidente Dilma Rousseff fez pronunciamento em rede nacional pedindo “ajuda e boa vontade de todos” na “verdadeira batalha” contra o Aedes. “Se nos unirmos, a maneira de lutar se torna simples”, disse a presidente. “Não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação.” Leia também: Ex-ministro da Saúde apoiará pedido de aborto legal por microcefalia no STF Ex-ministro da Saúde, Temporão diz apoiar pedido pela descriminalização do aborto nesses casos Estado laico e eugenia Questionado sobre a interferência da Igreja na legislação em um Estado laico, como o Brasil, Dom Odilo diz que “valores universais como dignidade humana, direitos humanos, honestidade e justiça” são “compartilhados independente de religião”. “O aborto não é um fato religioso enquanto tal, é um fato moral e ético. A vida do ser humano é um valor, não entra em jogo a fé religiosa.” O cardeal arcebispo então associa o aborto em caso de microcefalia a uma “seleção dos indivíduos que podem nascer, de acordo com suas possibilidades de render ao longo de sua vida”. “Acho que se a humanidade se orientar por privilegiar somente os que são saudáveis, fortes e poderosos, nos estaremos encaminhando para a eugenia”, diz. “A lei da eugenia manda eliminar. Essa forma de raciocinar em relação ao ser humano é absolutamente indigna na civilização”. O termo “eugenia” se refere a técnicas que visam “melhorar qualidades físicas e morais de gerações futuras”, segundo o dicionário Michaelis, e frequentemente é associado a políticas de controle social adotadas por Adolf Hitler durante o regime nazista alemão. A reportagem pergunta se é o caso das mulheres pobres que optam para o aborto pela precariedade dos sistemas de saúde e saneamento nas periferias. O cardeal recua: “A eugenia é uma doutrina assumida oficialmente por Estados, por leis. Não digo que pessoas individualmente praticando atos que não são aceitáveis já estejam praticando eugenia ou adotando esta ideologia”. Leia também: Grupo prepara ação no STF por aborto em casos de microcefalia ‘Debate será feito’ Os dados mais recentes do Ministério da Saúde apontam 404 casos confirmados de bebês com microcefalia e/ou

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Em meio a temor internacional, Rio anuncia novas medidas contra zika para Olimpíada

Em meio ao crescente temor internacional sobre os riscos da epidemia de zika vírus durante os Jogos Olímpicos em agosto – incluindo os alertas recentes dos governos dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia, que pediram que mulheres grávidas evitem viagens ao Brasil neste momento – a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou novas medidas de controle para o período em que milhares de turistas estrangeiros são esperados na cidade. Prevenção contra mosquito é melhor forma de acabar com doenças transmitidas pelo Aedes aegypti As vistorias de obras de instalações olímpicas já ocorrem de forma constante e, segundo a Prefeitura, integram as ações contínuas, sendo o objetivo principal eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue e chikunguya e do zika vírus. Mas após a crescente preocupação da imprensa internacional e de outros governos sobre a possibilidade de os turistas espalharem o vírus e os riscos para mulheres grávidas ou que estejam tentando engravidar, devido às suspeitas de que o zika esteja relacionado à microcefalia, a BBC Brasil questionou a Prefeitura do Rio sobre os planos para o período dos Jogos.   De acordo com as informações adiantadas à BBC, o Rio deve intensificar o trabalho de vistoria das instalações olímpicas a partir de abril, quatro meses antes da cerimônia de abertura da Olimpíada, marcada para o dia 5 de agosto. O objetivo do trabalho é identificar focos do Aedes aegypti e garantir que as obras, em fase final, não contribuam para a proliferação do mosquito. Não foi informado se o efetivo atual de 3 mil agentes que trabalham no controle ao mosquito será aumentado para o período. Já a 30 dias das competições, haverá uma vistoria em todas as instalações olímpicas, desta vez com outro intuito: determinar a necessidade de borrifar inseticida com máquinas instaladas em caminhonetes, procedimento conhecido como fumacê. Aplicação do inseticida por meio de procedimento conhecido como fumacê tem sido utilizada em cidades do interior de SP para prevenir proliferação do mosquito “No mês que antecede os Jogos, todos os locais de competição e de grande aglomeração de público e seus arredores serão vistoriados, quando será eliminado qualquer possível reservatório remanescente das obras e tratados os não passíveis de eliminação, para evitar o surgimento de focos do mosquito. Se houver indicação técnica de aspersão de inseticida (fumacê), isso será feito”, acrescenta a nota enviada à reportagem. Após o início da Olimpíada, outra estratégia será distribuir agentes fixos em cada instalação olímpica, mantendo um combate e vigilância diretos. “Equipamentos de dimensões maiores e com cronograma de atividades mais extenso podem ter até três agentes fixos. Eles atuarão diariamente na busca, eliminação ou tratamento de depósitos que possam se tornar potenciais focos do mosquito”, acrescenta a nota. Borrifar inseticida no entorno ou interior dos locais de competição após o início dos Jogos, no entanto, está descartado. “Durante a Olimpíada, o trabalho dos agentes será constante nessas áreas, não haverá, porém, aspersão de inseticida nas regiões dos equipamentos esportivos, visto que se trata de um produto químico, com uso contraindicado em áreas onde haja grande concentração de pessoas”, explica. Questionada especificamente sobre áreas turísticas além dos locais de competição, a Prefeitura disse que o trabalho cotidiano dos agentes já inclui estas regiões, como aeroportos, rodoviárias, praias, parques, e que até o momento não estão previstas ações específicas por conta dos Jogos. Maioria dos casos de microcefalia causada pelo zika é em Pernambuco Alertas para grávidas e imprensa internacional A atenção em torno da epidemia de zika no Brasil e a proximidade com os Jogos Olímpicos aumentou nos últimos dias, com os alertas do Centro de Controle de Prevenção de Doenças americano (CDC) e da Agência de Saúde Pública do Canadá, ambos no dia 15, e do Centro de Controle de Prevenção de Doenças da União Europeia (ECDC), na última quinta-feira. Os três comunicados pedem que neste momento mulheres grávidas evitem viajar ao Brasil e demais países da América Latina que atualmente enfrentam uma epidemia do zika vírus devido às suspeitas de que o vírus cause a microcefalia. O país já contabiliza, até o dia 20 de janeiro, 3.893 casos suspeitos de bebês nascidos com microcefalia em 21 Estados, sendo a maioria em Pernambuco (1.306), Paraíba (665) e Bahia (496). De acordo com números atualizados pela Secretaria Municipal de Saúde, o Estado do Rio de Janeiro tem 166 casos suspeitos, sendo 92 na capital. Questionada sobre o alerta internacional, a Prefeitura do Rio não mencionou nada sobre as mulheres grávidas, mas disse à BBC Brasil que “está tomando todas as medidas no combate ao mosquito transmissor do zika vírus. O trabalho vem sendo feito não apenas visando os Jogos Olímpicos e os visitantes que estarão na cidade, mas principalmente para a população do Rio”. O infectologista Jessé Reis Alves, coordenador do Ambulatório de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, concorda com os alertas das agências internacionais. “Às mulheres que estiverem grávidas e que vivem em locais onde não existe o risco, caso o zika vírus ainda estiver em grande circulação na época dos Jogos, eu diria que elas têm que considerar a possibilidade de não fazer essa viagem”, diz. Situação de zika e microcefalia preocupa autoridades Ligado ao hospital que é referência nacional em infectologia e doenças tropicais, ele deixa claro que seu posicionamento não é uma recomendação geral, mas sim de um alerta específico para quem, na sua opinião, integra a população mais vulnerável diante da epidemia, devido às suspeitas de ligação com a microcefalia. “Não é uma recomendação governamental, não posso fazer isso. É uma opinião pessoal minha. Até porque trata-se de algo muito delicado. E as mulheres grávidas que estarão no Rio de Janeiro? Como vão se sentir, diante dos crescentes alertas de que gestantes deveriam evitar vir para o Brasil?”, pondera o infectologista. O assunto tem ganhado as páginas dos jornais ao redor do mundo. Na terça-feira, o britânico The Guardian disse que o “Brasil minimiza ameaça do zika vírus na corrida para o Carnaval e a

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Genética indica origem polinésia do zika vírus

Pesquisadores do Instituto Pasteur da Guiana sequenciaram o genoma completo do zika vírus. Segundo sua análise genética, o patógeno que se espalha por toda a América é aparentado do vírus que castigou várias ilhas do Pacífico em 2013 e 2014. No ano seguinte apareceram os primeiros casos no Brasil. No país, o número de casos suspeitos de bebês nascidos com microcefalia já chega a 3.893, segundo o mais recente boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Com mais de um milhão de infectados em menos de um ano, os efeitos do zika vírus não costumam ser severos e não vão além de uma erupção no rosto (exantema) e um pouco de febre. Às vezes coincide com o aparecimento de um transtorno autoimune, a síndrome de Guillain-Barré. Em raras ocasiões, este arbovírus (ou seja, que usa antrópodes como vetor de transmissão) pode provocar a morte, mas quase sempre como causa concomitante. O que é aterrador, porém, é que o zika vírus parece não ter compaixão dos não nascidos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES Bebês vítimas do zika têm lesões cerebrais além da microcefalia EUA podem orientar grávidas a não viajarem ao Brasil por surto de microcefalia Microcefalia: a doença que assombra as grávidas no Brasil GRÁFICO Países afetados pelo vírus zika na América Ainda não se estabeleceu uma conexão causal entre o vírus e a microcefalia em recém-nascidos que vem ocorrendo na atual epidemia, mas está longe de ser uma coincidência. No Brasil, até o dia 20 de janeiro, o Governo contabilizava 3.893 casos suspeitos de microcefalia, sendo que na maioria dos casos ainda era investigada a ligação da doença com a contração do vírus. Deste total, 49 bebês morreram por malformação congênita, todos na região Nordeste, sendo que em cinco casos foi confirmada a relação com o zika. Em muitos dos casos detectados, além disso, os ainda pequenos apresentavam graves lesões nos olhos, entre outras lesões cerebrais. Também afetada, a Colômbia desaconselhou as mulheres a engravidarem em 2016, por medo da epidemia de microcefalia. “Esses defeitos são provocados somente pelo zika vírus, a propagação conjunta com outros agentes infecciosos ou por outros fatores? Precisamos pôr em andamento projetos de pesquisa multidisciplinares para resolver essas incógnitas”, diz em uma nota a responsável pelo laboratório de virologia do Instituto Pasteur na Guiana, centro de referência em arbovírus, Dominique Rousset. Rousset e seus colegas já deram o primeiro passo sequenciando o genoma do vírus. No final do ano passado as autoridades sanitárias do vizinho Suriname começaram a detectar os primeiros casos de zika e pediram ajuda ao Instituto Pasteur. Chegaram a seu laboratório amostras de quatro casos que, depois de se descartar que se tratasse de dengue ou chikungunya, deram positivo para esse arbovírus, também transmitido pelo mosquito da febre amarela (Aedes aegypti) e, em menor medida, pelo Aedes albopictus, mais conhecido como mosquito tigre. De uma das amostras os pesquisadores puderam sequenciar o genoma completo. Das outras três, obtiveram informação genética de uma proteína presente no envoltório viral, a camada externa que protege o vírus e que toma emprestada das células que infecta. Com todos esses dados, os cientistas puderam criar uma árvore filogenética da cepa que está castigando as terras americanas. Os resultados, publicados na revista The Lancet, indicam que o zika americano não pertence à linhagem africana (continente onde se descobriu o vírus em meados do século passado), mas ao asiático, de mais recente surgimento. De fato, a análise de seu genoma mostra uma homologia de 99,7% com a cepa responsável pelo surto na Polinésia francesa em 2013. Um olhar à árvore filogenética com um mapa do mundo na mão convida a desenhar a rota que o zika vírus seguiu ou, melhor dizendo, seus vetores, os mosquitos. A origem do genótipo asiático remonta a 1966, com os primeiros casos na Malásia. Mas a cepa americana atual é muito aparentada com a que apareceu na ilha de Yap, nas Carolinas, em 2007. Depois foi a vez da Tailândia e Camboja. Mais tarde, e quase saltando de ilha em ilha, o zika vírus alcançou as Ilhas Salomão, Vanuatu, Ilhas Cook e a Polinésia Francesa, até chegar à ilha de Páscoa. Os casos seguintes já se deram no continente americano. MIGUEL ÁNGEL CRIADO/ElPaís

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Carnaval é ‘coquetel explosivo’ para espalhar zika, alertam infectologistas

Alta concentração de pessoas em cidades com casos de víus zika preocupa infectologistas. Image copyright AP A passagem de milhares de turistas por capitais com tradicionais carnavais de rua em Estados com alto número de casos de bebês nascidos com microcefalia e suspeita de ligação com o zika vírus pode representar um “coquetel explosivo” e ajudar a espalhar ainda mais a doença pelo país, alerta a coordenadora de virologia clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Nancy Bellei. Até o momento há 3.530 casos de microcefalia relacionados ao zika em 21 Estados.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para os especialistas, o Carnaval reúne fatores de risco preocupantes para o aumento da transmissão do zika, num momento em que a epidemia ainda se encontra em curva de ascensão no Brasil. O alerta se soma a um comunicado da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, escritório regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde), que nesta segunda-feira relatou aumento de casos da síndrome de Guillain Barré em países com epidemias de zika. Em julho de 2015, 42 pessoas foram confirmadas com a doença, que causa problemas neurológicos, na Bahia. O “coquetel explosivo” do Carnaval inclui, segundo os infectologistas, as grandes aglomerações de pessoas, em geral com poucas roupas e mais vulneráveis às picadas do Aedes aegypti (mosquito transmissor de dengue, chikungunya e zika), a possibilidade de chuvas, a maior quantidade de lixo nas ruas e, por consequência, mais chance de potenciais criadouros do mosquito. Isso se soma ao maior numero de relações sexuais sem proteção e risco de gestações indesejadas justamente nos locais de maior incidência do vírus relacionado à má-formação fetal, dentre outras consequências ainda pouco conhecidas. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, dos 3.530 casos de microcefalia relacionados ao zika em todo o país, 1.236 estão em Pernambuco, primeiro Estado a identificar o aumento do problema, onde foi decretado o estado de emergência desde novembro. Em segundo está a Paraíba, com 569 casos, e em terceiro a Bahia, com 450 ocorrências. O Rio de Janeiro fica em 9º lugar, com 122 casos. A BBC Brasil ouviu infectologistas sobre os alertas e a preocupação com o potencial de aumento da epidemia, e questionou como estão os esforços de prevenção e contenção do problema junto ao Ministério da Saúde e às prefeituras de Recife, João Pessoa, Salvador e Rio de Janeiro – capitais com expressivos carnavais de rua e onde há forte presença do Aedes aegypti e de casos de microcefalia. Alerta, riscos e ‘coquetel explosivo’ Nancy Bellei, coordenadora de virologia clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), cita a preocupação com a transmissão sexual devido a um estudo de 2011 que teria documentado como um cientista americano vindo do Senegal, que passava por um surto de zika, teria transmitido a doença para a mulher, nos Estados Unidos, através do sêmen. “Ainda precisamos de mais estudos sobre a relevância epidemiológica dessa forma de transmissão, mas até pouco tempo também não sabíamos da ligação entre o zika e a microcefalia. É uma doença nova, sobre a qual ainda não se sabe muito. Não precisamos esperar para nos protegermos. Não se pode descartar a chance de termos até um aumento de casos de zika após o Carnaval justamente pelo contato sexual”, diz. Nancy explica que o potencial de propagação do zika devido ao Carnaval também depende da existência do mosquito nos locais de origem dos turistas. “Se a pessoa vai para uma capital com grande Carnaval de rua, é picada e infectada pelo zika e volta para sua cidade mas lá não há o mosquito, ela vai adoecer, se tratar, e tudo bem. Agora, se o local de origem tiver o Aedes, o mosquito pode picar essa pessoa, receber o vírus e introduzir a doença num local até então livre dela”, explica. Segundo a especialista, o Aedes é encontrado em todos os Estados, mas a região Sul estaria menos vulnerável, por ter clima mais frio e tradicionalmente apresentar menor incidência do mosquito. Especialista alerta que foliões que forem para áreas afetadas pelo mosquito Aedes aegypti procurem atendimento se tiverem febre. Image copyright Getty A pesquisadora Elaine Miranda, professora da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, concorda que o alerta é oportuno e diz que, dadas as características de massa de um evento como o Carnaval, quando a capacidade de resposta das unidades de saúde tende a ser superada, é crucial que as cidades estejam preparadas para receber milhares de foliões em meio a uma epidemia em curso. “Medidas de controle já vêm sendo implementadas em todas as capitais referidas. No entanto, a complexidade do controle do mosquito e consequentemente da transmissão do vírus vai muito além de medidas pontuais e pensadas para eventos de massa, tais como o Carnaval”, avalia. Bellei afirma que é primordial que se faça um alerta muito claro. “Eu acho um erro ignorar estes riscos e não fazer um grande alerta. O Brasil tem essa cultura, de que se você fala a verdade está disseminando o pânico. Em outros países é diferente”, diz. Para ela, é importante deixar claro que as pessoas estão viajando para uma área de alta infestação de Aedes aegypti, e que se voltarem para casa com febre sem nenhum outro sintoma de infecção precisam procurar atendimento médico para serem investigadas para dengue, chikunguya ou zika. Precaução e recomendações Na visão das especialistas é importante que as pessoas tentem se proteger e tomem medidas de precaução durante o Carnaval. Elas também cobram medidas do Ministério da Saúde e das prefeituras de grandes capitais acostumadas a receber milhares de turistas. “Práticas educativas e de alertas para os foliões são tão bem-vindas como são estas mesmas práticas para a população em geral. Sem dúvida todos devem ser orientados a agir em seu próprio benefício suscitando, assim, uma mudança de comportamento e consequente redução da vulnerabilidade”, diz Elaine Miranda, da Escola Nacional de Saúde Pública. Para os foliões, as principais recomendações são colaborar no controle do mosquito, evitando deixar água parada, além do uso de preservativos

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