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O Brasil não virou uma Venezuela

Ao contrário das Fakenews da extrema-direitalha diziam, o governo de esquerda não transformou o Brasil na Venezuela, mas os Satãnaristas querem transformar o Brasil em um Afeganistão.

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Zika e aborto: Camisinha é ‘decisão pessoal’ e mães devem encarar microcefalia como ‘missão’, diz arcebispo

A Igreja Católica dá “muito espaço à decisão pessoal” pelo uso de camisinhas, mas não aceita o aborto porque “ninguém pode decidir sobre vida e morte de um ser humano”, diz o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Em entrevista na Cúria metropolitana, um casarão de Higienópolis onde são tomadas decisões administrativas da arquidiocese, dom Odilo afirma que os bispos ainda não se reuniram para discutir o tema, mas que gestantes de fetos com microcefalia “devem encará-los como uma missão”. “Toda gravidez sempre envolve alguma incógnita e pode resultar em alguma anomalia, o que é indesejável. (…) Um bebê (microcéfalo), embora tenha suas limitações, pode ter certa autonomia. É uma pessoa que terá alegrias na vida. Então, (é preciso) acolher esse ser humano com suas limitações e encarar como uma missão a ser acompanhada durante toda a vida.”[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] À BBC Brasil, o arcebispo qualifica números divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e do SUS (Sistema Único de Saúde) sobre abortos realizados no Brasil como “aproximativos” e “duvidosos”. Segundo a OMS, 1 milhão de abortos ilegais são feitos por ano no país e matam uma mulher a cada dois dias. Leia também: ‘Aborto já é livre no Brasil. Proibir é punir quem não tem dinheiro’, diz Drauzio Varella “Mas não há que se duvidar que se fazem muitos abortos clandestinos e que há problemas e até mortes de mulheres”, diz. “Isso é extremamente lamentável.” Como primeira solução, ao contrário da descriminalização, o religioso defende a fiscalização e propõe que governo e autoridades combatam “clínicas e mesmo os abortos clandestinos com base na lei”. Para dom Odilo, um dos 13 filhos de imigrantes alemães que chegaram ao Rio Grande do Sul, o foco da discussão sobre o aborto está na “origem da vida dos fetos”, e não na quantidade ou na classe social das mulheres que se submetem ao procedimento – por ano, mais de 200 mil são internadas no SUS com complicações pós-aborto. “É ser humano. Ainda em formação, mas é ser humano”, afirma. “O bebê não nascido, (seja com) apenas 12 semanas ou com 20 semanas de gestação, é humano desde o primeiro instante da concepção.” Já o uso de métodos contraceptivos seria “bem diferente”, diz o arcebispo. “Não é uma solução simplista, use ou não use”, afirma. “Os casais sabem muito bem como prevenir uma gravidez indesejada. Não sou eu a ensinar.” Dom Odilo explica seu raciocínio: “Nos contraceptivos, não se trata de uma vida já gerada, mas de evitar a geração de uma vida. No caso do aborto, se trata de intervir para suprimir uma vida”. Leia também: ‘Sou plena, feliz e existo porque minha mãe não optou pelo aborto’, diz jornalista com microcefalia Para líder católico, gestantes devem encarar fetos com microcefalia como uma “missão” – Image copyright Getty ‘Não se pode culpar o governo’ Às pessoas que defendem o direito de escolha pelo aborto e afirmam que mulheres “não têm culpa” pelo fracasso na erradicação do Aedes aegypti, Dom Odilo responde que “não se pode culpar o Estado pelo fato de haver o mosquito”. “O mosquito apareceu e ele se prolifera. Mesmo que o Estado faça talvez a sua parte o mosquito vai continuar existindo”, diz Dom Odilo. “A culpa não pode ser atribuída ao Estado simplesmente. Muito menos ainda isso pode ser argumento em favor de um suposto direito que está sendo lesado.” Personalidades como o ex-ministro da saúde José Gomes Temporão, que adiantou à BBC Brasil na última quarta-feira que também vai pedir a descriminalização do aborto ao STF (Supremo Tribunal Federal), discordam e atribuem a responsabilidade ao governo. “Cerca de 80% dos focos (de zika) no Nordeste não estão lá por culpa das famílias. Elas não têm acesso a água de forma contínua, por isso estocam. O Brasil enfrenta surtos permanentes há 30 anos porque estas questões não foram atacadas”, disse Temporão. Horas depois desta entrevista com o arcebispo, a presidente Dilma Rousseff fez pronunciamento em rede nacional pedindo “ajuda e boa vontade de todos” na “verdadeira batalha” contra o Aedes. “Se nos unirmos, a maneira de lutar se torna simples”, disse a presidente. “Não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação.” Leia também: Ex-ministro da Saúde apoiará pedido de aborto legal por microcefalia no STF Ex-ministro da Saúde, Temporão diz apoiar pedido pela descriminalização do aborto nesses casos Estado laico e eugenia Questionado sobre a interferência da Igreja na legislação em um Estado laico, como o Brasil, Dom Odilo diz que “valores universais como dignidade humana, direitos humanos, honestidade e justiça” são “compartilhados independente de religião”. “O aborto não é um fato religioso enquanto tal, é um fato moral e ético. A vida do ser humano é um valor, não entra em jogo a fé religiosa.” O cardeal arcebispo então associa o aborto em caso de microcefalia a uma “seleção dos indivíduos que podem nascer, de acordo com suas possibilidades de render ao longo de sua vida”. “Acho que se a humanidade se orientar por privilegiar somente os que são saudáveis, fortes e poderosos, nos estaremos encaminhando para a eugenia”, diz. “A lei da eugenia manda eliminar. Essa forma de raciocinar em relação ao ser humano é absolutamente indigna na civilização”. O termo “eugenia” se refere a técnicas que visam “melhorar qualidades físicas e morais de gerações futuras”, segundo o dicionário Michaelis, e frequentemente é associado a políticas de controle social adotadas por Adolf Hitler durante o regime nazista alemão. A reportagem pergunta se é o caso das mulheres pobres que optam para o aborto pela precariedade dos sistemas de saúde e saneamento nas periferias. O cardeal recua: “A eugenia é uma doutrina assumida oficialmente por Estados, por leis. Não digo que pessoas individualmente praticando atos que não são aceitáveis já estejam praticando eugenia ou adotando esta ideologia”. Leia também: Grupo prepara ação no STF por aborto em casos de microcefalia ‘Debate será feito’ Os dados mais recentes do Ministério da Saúde apontam 404 casos confirmados de bebês com microcefalia e/ou

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‘Sou plena, feliz e existo porque minha mãe não optou pelo aborto’, diz jornalista com microcefalia

Ana Carolina Cáceres, de 24 anos, moradora de Campo Grande (MS), desafiou todos os limites da microcefalia previstos por médicos. Eles esperavam que ela não sobrevivesse. Hoje, Ana tem 24 anos. Neste depoimento, ela defende uma discussão informada sobre o aborto. Ana se formou em jornalismo para ser ‘porta-voz da microcefalia’ “Quando li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de microcefalia no Supremo Tribunal Federal (STF), levei para o lado pessoal. Me senti ofendida. Me senti atacada. No dia em que nasci, o médico falou que eu não teria nenhuma chance de sobreviver. Tenho microcefalia, meu crânio é menor que a média. O doutor falou: ‘ela não vai andar, não vai falar e, com o tempo, entrará em um estado vegetativo até morrer’. Ele – como muita gente hoje – estava errado. Meu pai conta que comecei a andar de repente. Com um aninho, vi um cachorro passando e levantei para ir atrás dele. Cresci, fui à escola, me formei e entrei na universidade. Hoje eu sou jornalista e escrevo em um blog. Escolhi este curso para dar voz a pessoas que, como eu, não se sentem representadas. Queria ser uma porta-voz da microcefalia e, como projeto final de curso, escrevi um livro sobre minha vida e a de outras 5 pessoas com esta síndrome (microcefalia não é doença, tá? É síndrome!). Com a explosão de casos no Brasil, a necessidade de informação é ainda mais importante e tem muita gente precisando superar preconceitos e se informar mais. O ministro da Saúde, por exemplo. Ele disse que o Brasil terá uma ‘geração de sequelados’ por causa da microcefalia. Ana passou por cirurgias e contou com ajuda de toda a família para superar dificuldades Se estivesse na frente dele, eu diria: ‘Meu filho, mais sequelada que a sua frase não dá para ser, não’. Porque a microcefalia é uma caixinha de surpresas. Pode haver problemas mais sérios, ou não. Acho que quem opta pelo aborto não dá nem chance de a criança vingar e sobreviver, como aconteceu comigo e com tanta gente que trabalha, estuda, faz coisas normais – e tem microcefalia. As mães dessas pessoas não optaram pelo aborto. É por isso que nós existimos. Não é fácil, claro. Tudo na nossa casa foi uma batalha. Somos uma família humilde, meu pai é técnico de laboratório e estava desempregado quando nasci. Minha mãe, assistente de enfermagem, trabalhava num hospital, e graças a isso nós tínhamos plano de saúde. A gente corta custos, economiza, não gasta com bobeira. Nossa casa teve que esperar para ser terminada: uma parte foi levantada com terra da rua para economizar e até hoje tem lugares onde não dá para pregar um quadro, porque a parede desmancha. O plano cobriu algumas coisas, como o parto, mas outros exames não eram cobertos e eram muito caros. A família inteira se reuniu – tio, tia, gente de um lado e do outro, e cada um deu o que podia para conseguir o dinheiro e custear testes e cirurgias. No total, foram cinco operações. A primeira com nove dias de vida, para correção da face, porque eu tinha um afundamento e por causa dele não respirava. Ana afirma levar uma vida normal: ‘hoje sei até tocar violino!’ Durante toda a infância também tive convulsões. É algo que todo portador de microcefalia vai ter – mas, calma, tem remédios que controlam. Eu tomava Gardenal e Tegretol até os 12 anos – depois nunca mais precisei (e hoje sei até tocar violino!). Depois da raiva, lendo a reportagem com mais calma, vi que o projeto que vai ao Supremo não se resume ao aborto. Eles querem que o governo erradique o mosquito, dê mais condições para as mães que têm filhos como eu e que tenha uma política sexual mais ampla – desde distribuição de camisinhas até o aborto. Isso me acalmou. Eu acredito que o aborto sozinho resolveria só paliativamente o problema e sei que o mais importante é tratamento: acompanhamento psicológico, fisioterapia e neurologia. Tudo desde o nascimento. Também sei que a microcefalia pode trazer consequências mais graves do que as que eu tive e sei que nem todo mundo vai ter a vida que eu tenho. Então, o que recomendo às mães que estão vivendo esse momento é calma. Não se desespere, microcefalia é um nome feio, mas não é esse bicho de sete cabeças, não. Façam o pré-natal direitinho e procurem sobretudo um neurologista, de preferência antes de o bebê nascer. Procurem conhecer outras mães e crianças com microcefalia. No próprio Facebook há dois grupos de mães que têm um, dois, até três filhos assim e trabalham todos os dias tranquilas, sem dificuldade. No Facebook, Ana se manifestou sobre campanha para legalizar o aborto em casos de microcefalia – Image copyrightFacebook Caso o projeto de aborto seja aprovado, mas houver em paralelo assistência para a mãe e garantia de direitos depois de nascer, tenho certeza que a segunda opção vai vencer. Se ainda assim houver pais que preferirem abortar, não posso interferir. Acho que a escolha é deles. Só não dá para fazê-la sem o mais importante: informação. Quanto mais, melhor. Sempre. É o que me levou ao jornalismo, a conseguir este espaço na BBC e a ser tudo o que eu sou hoje: uma mulher plena e feliz. *Este depoimento é resultado de uma conversa entre o repórter da BBC Brasil Ricardo Senra e Ana Carolina Cáceres. E começou com um comentário da jovem no perfil da BBC Brasil no Facebook. Image copyright Arquivo pessoal. Ricardo Senra – @ricksenra /BBC Brasil

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Mississipi quer reconhecer embrião humano

Emenda será votada na próxima semana; iniciativa tornaria crime problemas como aborto e uso de anticonceptivo. Veja também Cientistas acham fóssil com embrião interno Oposição espanhola quer mudar lei do aborto Grávida ganha na Justiça o direito de abortar O estado do Mississipi, no sul dos Estados Unidos, votará na próxima semana uma emenda constitucional que vai declarar o embrião uma pessoa – uma iniciativa contra o aborto que criminalizaria tanto as mulheres que interrompessem a gravidez quanto o uso de anticonceptivos. A proposta que será submetida a referendo no dia 8 de novembro no Mississipi, considerado um dos estados mais conservadores do país, é conhecida como a Emenda 26 – Emenda da Personificação – e, segundo pesquisas recentes, conta com apoio popular suficiente para ser aprovada. “É uma medida radical. Poderia ter um impacto extraordinário em muitos assuntos legais, criminalizando questões como o uso de métodos anticonceptivos, o tratamento da infertilidade, assim como a fertilização in vitro e as pesquisas de células-tronco“, explicou à AFP Paul A. Lombardo, especialista em bioética, professor das escolas de direito das universidades estatais da Geórgia e da Virgínia.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O movimento que defende “a humanização do embrião” já teve rejeitada a proposta no Colorado (oeste) nas últimas eleições, mas o panorama no Mississipi é diferente por contar com o apoio público e o dos procuradores gerais – as maiores autoridades locais do judiciário, além dos candidatos democrata e republicano ao governo do Estado. Os promotores da emenda preparam campanhas para os estados da Flórida (sudeste), de Ohio (norte) e Dakota do Sul (norte) nas eleições de 2012. A ‘personificação’ do embrião visa a revogar o direito ao aborto concedido às mulheres dos Estados Unidos desde 1973, graças à dicisão Roe v. Wade da Corte Suprema, mas suas implicações legais são consideradas infinitas. “A personificação é a chave de todos os direitos humanos”, assinalou Keith Mason, presidente da Personhood USA, a ONG que impulsiona a emenda. Para a Personhood USA, “ao se tirar a ‘personificação’ do não nascido, revoga-se o direito à vida. Devolvendo-a a esses frágeis e indefesos, poderemos restaurar sua dignidade e seu direito à vida como seres humanos. É assim simples”, argui, na petição oficial divulgada neste estado profundamente religioso. Entre os demais argumentos mais sensíveis para convencer o eleitorado, os defensores da emenda destacam que “os escravos africanos foram privados de sua personificação e, por isso, foram tratados como propriedades, podendo ser comprados e vendidos, e sendo criados como animais”. “Os judeus não foram considerados pessoas íntegras, pelo que seus bens podiam ser confiscados. Muitos foram eliminados. Quando os conquistadores espanhóis colonizaram a América, muitos fazendeiros ricos lutaram para convencer a coroa espanhola que os ‘índios’ não cristãos não eram pessons jurídicas; portanto, podiam ser escravizados”, assinalam. Para Lynn Paltrow, porta-voz da campanha Defesa Nacional das Mulheres Grávidas (NAPW), “essas leis cruéis estão despojando as mulheres de sua ‘personificação’ constitucional”, transformando as grávidas em uma classe diferente de pessoa. Jessica Valenti, fundadora do site Feministing, opina que é necessário incluir todas as mulheres grávidas, mesmo as que não querem fazer abortom “na discussão sobre a ‘personificação’ e outras estratégias contra o aborto”, uma vez que pelo menos 38 dos 50 estados americanos vão apresentar leis sobre o homicídio fetal. Com propostas como estas, “todas as mulheres grávidas estão em perigo”, assinalou Jessica Valenti. “Se o feto é uma pessoa desde o momento da concepção, pode-se dizer que seus direitos são equivalentes aos da mulher grávida”, comentou por sua vez o bioético Paul A. Lombardo. Para o acadêmico, as implicações legais de uma medida como a Emenda 26 são infinitas e complexas. Não só a mulher que faz um aborto pode ser acusada de assassinato; também há outras complicações legais. Por exemplo: o embrião deve ir para o necrotério e ser enterrado, como dispõe a lei americana para as pessoas falecidas? questionou Lombardo. Da AFP noticias@band.com.br

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Deputado é condenado por ‘esterilização de mulheres’

Por 8 votos contra 1, o STF condenou o deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) pela prática do crime de esterilização ilegal de mulheres. A pena foi fixada em multa de 14 salários mínimos mais prisão de três anos, um mês e 10 dias de prisão. Prisão em regime aberto. Vale o que está previsto no parágrafo 1o do artigo 36 do Código Penal: “O condenado deverá, fora do estabelecimento [prisional] e sem vigilância, trabalhar… …Frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido [em casa] durante o período noturno e nos dias de folga.” Significa dizer que, no caso de Asdrúbal (na foto), feliz detentor de um mandato de deputado federal, a pena será cumprida nas dependências da Câmara. O crime que levou à condenação do deputado foi praticado em 2004. Era ano de eleição municipal. Asdrúbal concorria à prefeitura de Marabá (PA). Entre janeiro e março daquele ano, auxiliado pela companheira e pela enteada, Asdrúbal levou eleitoras a uma entidade fundada pore le, o “PMDB Mulher”. Em troca de votos, ofereceu cirurgias de laqueadura tubária. Seduzidas pela perspectiva da esterilização gratuita, as eleitoras foram encaminhadas ao hospital. Chama-se Hospital Santa Terezinha. O estabelecimento não dispunha de autorização para realizar laqueaduras pelo SUS. Falsificaram-se as guias de internação hospitalar, anotando nelas tipos de cirurgia que o SUS reembolsava. Dito de outro modo: Asdrúbal comprou votos com verbas provenientes das arcas da saúde pública. Denunciadas pelo Ministério Público Federal, as acusações foram encampadas pelo procurador-geal da República Roberto Gurgel.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “As provas que instruem os autos não deixam dúvidas de que o denunciado é o mentor da cooptação de votos”, disse Gurgel. Asdrúbal foi acusado de quatro crimes: corrupção eleitoral, estelionato, formação de quadrilha e esterilização irregular de mulheres. Em relação aos três primeiros crimes, o Supremo declarou a “prescrição da pretensão punitiva do Estado.” Por quê? O deputado tem mais de 70 anos. Assim, a condenção restringiu-se ao crime de esterilização. Essa madalidade de cirurgia é regulada pela lei 9.263, de 1996. Prevê um prazo de 60 dias entre a manifestação do desejo da mulher de interromper a própria fertilidade e a realização da cirurgia. Nesse intervalo, a candidata à operação deve ser acompanhada por “equipe multidisciplinar”, incumbida de desaconselhar a esterilização precoce. Nada disso foi observado no caso de Marabá. Em depoimentos ao Ministério Público, duas das mulheres que trocaram votos por cirurgias declararam-se arrependidas. Em sua defesa, Asdrúbal alegou que, na época em que as esterilizações foram feitas, sua candidatura a prefeito não havia sido homologada pelo partido. O advogado do deputado, João Mendonça de Amorim Filho, sustentou que a denúncia baseou-se em “inquérito policial caricato”, sem o necessário contraditório. Disse, de resto, que seu cliente não poderia ser responsabilizado por delitos praticados pelo hospital onde foram feitas as laqueaduras. Relator do processo, o ministro Dias Tofolli deu de ombros para a argumentação da defesa. Mas tentou servir um refresco a Asdrúbal. Em seu voto, Tofolli sugeriu que a pena de prisão em regime aberto fosse substituída por outra: restrição dos direitos políticos de Asdrúbal. Relator-revisor do caso, Luiz Fux discordou. Para ele, o deputado value-se de “artifício extremamente danoso.” Algo que, “exemplarmente, deve merecer a reprimenda da Corte porque ultrapassou os limites imaginários do ser humano nessa forma de corrupção eleitoral.” Acompanharam Fux os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso. Apenas Marco Aurélio Mello votou pela absolvição. Ao votar, Cezar Peluzo, presidente do STF, esclareceu que a condenação não implica a perda automática do mandato parlamentar de Asdrúbal. Disse que remeterá a decisão à direção da Câmara, a quem cabe decidir se Asdrúbal deve ou não continuar circulando pelo Legislativo. Considerando-se a tese invocada na absolvição de Jaqueline Roriz (PMN-DF) –crime praticado antes do mandato não resulta em cassação— Asdrúbal está condenado a cumprir a “pena” de continuar recebendo do contribuinte R$ 26 mil por mês. blog Josias de Souza

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Internet e eleições: Disputa presidencial de 2010 foi mais acirrada, aponta Ibope

Estudo elaborado a partir de pesquisas realizadas na eleição mostra diferença menor entre candidatos. A disputa eleitoral foi mais acirrada na internet que no eleitorado em geral, mostra estudo divulgado pelo Ibope nesta segunda-feira, 25. O estudo, elaborado pelos pesquisadores João Francisco Resende, do Ibope Inteligência, e Juliana Sawaia Cassiano Chagas, do Ibope Mídia, cruzou dados das pesquisas eleitorais realizadas pelo instituto entre 30 de junho e 30 de outubro de 2010. O trabalho apontou que a diferença na intenção de votos entre os principais candidatos à Presidência da República – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) – era menor entre os eleitores conectados que entre o eleitorado em geral. Dilma, que venceria a disputa, aparece em todas as pesquisas realizadas com porcentuais mais baixos que os apresentados no eleitorado geral. Já o tucano José Serra e a então candidata do PV apareciam com números mais altos. No início do período, os dois apareciam empatados entre os conectados – em 30 de junho os dois somavam 36%, em 29 de julho e em 15 de agosto, 37% -, enquanto no eleitorado geral, Dilma já começava a abrir dianteira, em função do maior conhecimento que as pessoas passaram a ter sobre ela – 39% a 34% em 29 de julho, 43% a 32% em 15 de agosto. No início do segundo turno, Serra se aproximou de Dilma no eleitorado geral, chegando a 43%, ante 49% de Dilma. Entre os conectados, Serra assumiu a liderança, com 50% a 41% em 13 de outubro. Em 20 de outubro, o tucano tinha 48% contra 42% e no dia 28 de outubro, Dilma virava o resultado: 49% a 43% entre os conectados e 52% a 40% no eleitorado geral. A alteração no cenário eleitoral entre o final do no início do segundo turno se deve a boatos que passaram a circular pela internet, dando conta que Dilma apoiaria a legalização do aborto e criticando sua participação em grupos armados que lutaram contra o regime militar e o seu suposto ateísmo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Ainda no primeiro turno, uma declaração de Monica Serra, mulher do presidenciável tucano, contribuiu para o acirramento da guerra virtual entre PT e PSDB. Em campanha na Baixada Fluminense, Monica afirmou que Dilma “é a favor de matar as criancinhas”, referência ao fato de que a petista seria a favor do aborto. Em resposta, blog ligado ao PT divulgou documento assinado por Serra quando ministro da Saúde que regulamenta a realização do aborto em casos previstos na legislação, como estupro e em casos de risco de morte da mãe e indicou que a versão do Plano Nacional de Direitos Humanos feito na gestão FHC “defende a ampliação da legalização do aborto”. Jair Stangler/O Estado de S.Paulo

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A igreja do Papa que veste Armani e calça sapatos Prada

Falando um pouco de religião por Danuza Leão As freiras ainda nos induziam a fazer sacrifícios. Depois disso, igreja, para mim, só em excursão turística. EU ESTUDEI em colégio de freiras e posso falar de cadeira dos recreios que perdi aos sete, oito anos, ajoelhada no milho na capela, para pagar os meus pecados. Isso não é sadismo em alto grau? Fico tentando lembrar que pecados seriam esses. Teria falado na hora da aula? Teria comido um pedaço da sobremesa antes do almoço? Teria deixado de fazer algum dever? E as freiras ainda nos induziam a fazer sacrifícios, tipo deixar de comer uma mariola ou uma paçoca por amor a Deus. Sacrifício, a palavra que define a Santa Igreja Católica. E a missa obrigatória em todos os domingos e dias santificados? [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Depois disso, igreja, para mim, só em excursão turística – e assim mesmo só algumas. É possível considerar o desejo sexual um pecado, um orgasmo um pecado, ter relações sexuais, mesmo de casais casados na igreja, sem outra intenção, a não ser a de procriar, um pecado? E ao considerar quase tudo que dá prazer um pecado, não dá para perceber o quanto as mentes católicas são doentes? E malvadas? Os sacrifícios, tão cultuados entre os católicos – cordas apertando a cintura, debaixo do vestido, até sangrar, eram um grande sinal de amor a Deus. Mas o que deve acontecer naqueles conventos e seminários, com aquele monte de moças e rapazes com seus hormônios explodindo, mas tendo que seguir o sentido contrário ao da natureza para amar a Deus sobre todas as coisas, isso é segredo, e jamais saberemos o que lá se passa – mas minha mão no fogo eu não boto. Será que são todos castos? Dos padres pedófilos se fala um pouquinho, mas logo o assunto é esquecido. E da excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina de nove anos estuprada não vou nem falar, porque tudo já foi dito. Para a Santa Madre Igreja, quanto mais se sofre mais se tem direito ao reino dos céus. Quem tiver uma doença grave será recompensado, se for cego, surdo, mudo e paralítico, é considerado um santo, praticamente, e ai dos que são felizes, dão risadas e gostam da vida. Estes estão condenados às trevas do inferno. Para ser um católico de verdade é preciso sofrer, e quanto mais, melhor. Como têm prestígio as carolas vestidas de preto, com um véu na cabeça e um terço na mão, falando que este mundo está perdido (e levando um pratinho de biscoitos para os padres). Perdido está quem não aproveitou esta vida e nunca ouviu falar em felicidade, pois o que vem depois ninguém sabe direito. Pelo menos, ninguém voltou pra contar. Mas também me revoltam as invenções praticadas em nome de Deus, das mais banais às mais revoltantes. Quem pode, em sã consciência, jurar amor “até que a morte nos separe?” Quem faz uma jura dessas é hipócrita, porque até as crianças do jardim-de-infância sabem que a vida não é assim. Mas do que os cardeais gostam mesmo é dos paramentos, das vestes de brocado, dos cálices de ouro, dos tronos incrustados de pedrarias, do luxo das igrejas de ouro, dos quadros mais preciosos deste mundo e de dar declarações absolutamente inúteis, tipo “o papa está muito preocupado com a fome no mundo”, como se essa preocupação resolvesse alguma coisa. Esse papa, aliás, que veste Armani e sapatos vermelhos de Prada. Se o Vaticano se desfizesse de metade de seus tesouros, é bem possível que não houvesse mais fome no mundo. Fui batizada, crismada e fiz a primeira comunhão, mas não cheguei ao ponto de me casar no religioso; e não me incomodaria nem um pouco se fosse excomungada. da Folha de São Paulo

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Aborto e excomunhão. Entrevista com Dom José Cardoso Sobrinho

Trechos da entrevista que Dom José Cardoso Sobrinho, bispo de Olinda e Recife, concedeu à revista Veja nas Páginas Amarelas. Abaixo trechos da entrevistas. entrevista a Juliana Linhares Por que o senhor acha que tantas pessoas, católicas em sua maioria, ficaram revoltadas com a sua posição no caso da excomunhão dos adultos envolvidos no aborto da menina violentada? Em primeiro lugar, nós temos de colocar essa questão no âmbito religioso. Acreditamos em Deus? É sim ou é não. E eu suponho que a grande maioria das pessoas acredita. E acreditar em Deus significa aceitar que Deus é a origem de tudo e é também o nosso fim. Essa é uma verdade fundamental. É premissa importantíssima para dizer que a lei de Deus está acima de qualquer lei humana. E a lei de Deus não permite o aborto. Então, se uma lei humana está contradizendo uma lei de Deus, no caso, a que permitiu a operação, essa lei não tem nenhum valor. Quanto ao que você afirma, sobre as pessoas estarem revoltadas, tenho de dizer que também houve um clamor grande, eu diria enorme, de autoridades de Roma a meu favor. Tenho sido insultado, claro, mas hoje mesmo recebi uma carta de Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos em Roma, em que me elogia. O que o senhor diria aos católicos que condenaram sua atitude? Antes de tudo, quero deixar bem claro que não fui eu que excomunguei os médicos que praticaram o aborto e a mãe da menina. Isso é falso. Eu não posso excomungar ninguém. Eu simplesmente mencionei o que está escrito na lei da Igreja, o cânone 1 398, do Código de Direito Canônico, que está aí nas livrarias para qualquer um ler. Por essa lei, qualquer pessoa que comete aborto está excomungada, por uma penalidade que se chama latae sententiae, um termo técnico que significa automática. Então, não foi dom José Cardoso Sobrinho quem os excomungou. Eu simplesmente disse a todos: “Tomem consciência disto”. Qualquer pessoa no mundo inteiro que pratique o aborto está incorrendo nessa penalidade – mesmo que ninguém fale nada. Quem é católico sabe que na primeira carta de São Paulo a Timóteo, no capítulo II, está escrito: Deus quer que todos sejam salvos. Por que estupradores não são também automaticamente excomungados? A nossa santa Igreja condena todos os pecados graves. O estupro é um pecado gravíssimo para a Igreja, assim como o homicídio. Agora, a Igreja diz que o aborto, isto é, o ato de tirar a vida de um inocente indefeso, é muito mais grave que o estupro, que o homicídio de um adulto. Qualquer pessoa inteligente é capaz de compreender isso. Eu não estou dizendo que o estupro e a pedofilia são coisas boas. Mas o aborto é muito mais grave e, por isso, a Igreja estipulou essa penalidade automática de excomunhão. Em que outros casos se aplica a excomunhão automática? No Código de Direito Canônico anterior, promulgado por Bento XV, havia cerca de quarenta motivos para a excomunhão automática. Em 1983, sob a autoridade de João Paulo II, foi publicado um novo Código. O atual os reduziu a apenas nove. São eles: o aborto; a apostasia, que é quando a pessoa abandona a religião; a heresia, que acontece quando uma pessoa nega um dogma da Igreja; a violência física contra a pessoa do papa; a consagração de um bispo sem a licença do papa; o cisma; a absolvição por um sacerdote do cúmplice de um pecado da carne; a violação direta do segredo da confissão; e a profanação das hóstias consagradas.

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CNBB considera excomunhão ligada ao aborto ‘excepcionais’

Suas (deles) Eminências parecem estar sendo iluminadas pelo Espírito Santo. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,CNBB, se manifestade forma mais “branda” sobre o caso do aborto que envolveu a criança de nove anos que foi estuprada. ‘Excomunhões ligadas ao aborto de PE foram excepcionais’ Sem desautorizar o arcebispo de Recife, membros da CNBB classificam o caso como ‘dramático’ Apesar de terem apoiado a manifestação do bispo de Recife e Olinda sobre a excomunhão das pessoas envolvidas no aborto de uma menina de nove anos, estuprada pelo padrasto, duas autoridades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destacaram que o caso foi “excepcional” e “dramático”. Sem desautorizar o arcebispo de Recife, o secretário-geral da CNBB, D. Dimas Lara da Rosa, disse que não considera que os pais da menina, que autorizaram o aborto, estão excomungados. Afirmou ainda que “não há elementos para dizer que qual médico esta excomungado e que qual não está”. Segundo D. Dimas, só estarão excomungados os profissionais “conscientes e contumazes” da prática do aborto. De Luciana Nunes Leal, de O Estado de S. Paulo

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