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E se os nazistas tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial?

E se? Talvez a mais curtas das perguntas, mas nem de longe a mais simples. E que inspirou um grande número de escritores a imaginar cenários em que o mundo que conhecemos muda radicalmente. Na série da Amazon, avanço atômico nazista foi mais rápido que o americano Essa especulação voltou com força total recentemente graças ao lançamento da série americana The Man in he High Castle, em que os Estados Unidos e os aliados perdem a Segunda Guerra Mundial para Alemanha e Japão. Mas a prática de imaginar cenários é milenar: ainda no Império Romano, o historiador Tito Lívio fez, em sua coleção de livros sobre a fundação da cidade, conjecturas sobre o que teria acontecido se as conquistas de Alexandre, o Grande, tivessem expandido seu império para o oeste em vez do leste.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Milenar No século 19, o escritor Nathaniel Hawthorne escreveu o conto P’s Correspondence, em que reimagina o ano de 1845 sem a morte de uma série de políticos e outras personalidades. Este é também o mote para A Felicidade Não Se Compra, um dos filmes de Natal mais famosos da cultura anglófona, em que o personagem George Bailey vê um mundo alternativo em que ele jamais nasceu. A famosa Times Square, em Nova York, aparece bem diferente em uma realidade alternativa – Image copyright Amazon Mas The Man in the High Castle adota tons mais ousados. Exibido apenas em serviço de streaming pela Amazon Video, a série é baseada em um livro de Phillip K Dick, o venerado autor de ficção científica também conhecido por Blade Runner – O Caçador de Androides. Na série, os são EUA “loteados” entre alemães e japoneses. Já no primeiro episódio, que se passa no ano de 1962, um dos personagens principais é visto caminhando por uma Nova York repleta de símbolos nazistas, incluindo uma versão da bandeira americana adornada por uma suástica. Em outra, a Estátua da Liberdade está vestida como se fosse comparecer a um dos notórios comícios de Adolf Hitler – e “faz” a saudação com o braço direito erguido. As imagens causaram controvérsia e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, ordenou a remoção da anúncios da série dos trens do metrô. O uso da Estátua da Liberdade na divulgação da série criou polêmica nos EUAImage copyright Amazon No universo de Dick, os cientistas alemães venceram a corrida nuclear contra os americanos, e as tropas de Hitler vencem a guerra após detonar um bomba atômica sobre Washington. A principal parte do território americano fica com Berlim enquanto o Japão assume o controle da Costa Oeste, incluindo a Califórnia. Mas a trama gira em torno de um misterioso filme no qual imagens do mundo que conhecemos, em que os aliados venceram, são traficadas a pedido de um misterioso cineasta. O mistério está em como essa realidade alternativa é possível e a razão pela qual autoridades nazistas e japonesas reprimem com extrema violência a circulação do filme, além de tentar a todo custo descobrir a identidade do homem que produziu as imagens. Há também interessantes trama políticas envolvendo a sucessão de Adolf Hitler, que nessa realidade alternativa ainda está vivo e comandando suas tropas. E o crescimento de tensões políticas entre Berlim e Tóquio. As reações no mundo real mostram o verdadeiro objetivo de histórias com uma linha temporal alternativa: elas são reflexo de nossos medos e de temores que surgem de ideias sobre outros rumos que a vida teria tomado. Keith Uhlich/BBC Culture

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