Petrobras: CPI para abafar os fatos

Do modo como foi estruturada, a CPI tende a abafar, não a investigar.

Eis os nomes dos 11 titulares:

Pela bancada do governo:
1. Ideli Salvatti (PT-SC)
2. João Pedro (PT-AM)
3. Ignácio Arruda (PCdoB-CE)
4. Fernando Collor de Mello (PTB-AL)
5. Jefferson Praia (PDT-AM)
6. Paulo Duque (PMDB-RJ)
7. Leomar Quintanilha (PMDB-TO)
8. Romero Jucá (PMDB-RR)

Pela tropa da oposição:
1. Sérgio Guerra (PSDB-PE)
2. Álvaro Dias (PSDB-PR)
3. ACM Jr.

A comissão será instalada na semana que vem. A primeira reunião, como de praxe, será consumida com a eleição do presidente. O escolhido indicará o relator.

Por ordem de Lula, o governismo decidiu passar o trator sobre a oposição. Valendo-se da supremacia numérica, acomodará um par de aliados no comando da CPI.

A definição dos nomes depende de uma negociação entre PMDB e PT. O primeiro fará o relator. O segundo, o presidente. Dois nomes emergem da lista com força: o petista João Pedro e o peemedebista Jucá.

Na véspera, Renan insinuara que líderes não deveriam tomar parte da CPI na condição de membros efetivos.

Lia-se nas entrelinhas de suas declarações um recado ao desafeto Aloizio Mercadante, líder do PT. Os dois convivem às turras.

Mercadante, depois de conversar com Lula pelo telefone, não se auto-indicou. Mas Renan, subvertendo o critério que estabelecera, mandou à CPI Romero Jucá.

Não é líder de nenhum partido. Mas responde pela liderança do governo no Senado.

Noves fora Jucá, que deve lealdade a Lula, os outros dois indicados do PMDB – Quintanilha e Duque – são soldados da guarda pretoriana de Renan.

Farão o que o “imperador” alagoano mandar. Se, por alguma razão, Renan for tomado por ímpetos de infidelidade, a oposição vai a cinco votos.

Com mais um, faz maioria. Jefferson Praia, o nome do PDT, é governista mas não é suicida. A depender do peso dos fatos, pode ser intimado a agir pela consciência.

Praia é suplente do independente Jefferson Peres, morto no ano passado. Gosta de dizer que ocupa a cadeira de olho na retidão do ex-titular.

De resto, há a incógnita Fernando Collor. Na semana passada, em entrevista ao blog, o ex-presidente dissera que não iria à CPI como miliciano de nenhuma “tropa de choque”.

Confirmando-se o declarado, Collor pode, aqui e ali, animar-se a votar com a oposição. No mais, o governo pilota a patrola.

Antônio Lacerda/EFE

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