Para o maior jornal espanhol, o El País, as reiteradas afirmações do Presidente Lula de que não deseja um terceiro mandato, o colocam no patamar dos estadistas.
As recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartando a possibilidade de disputar um terceiro mandato consecutivo fazem dele um estadista de porte europeu, afirma um artigo publicado nesta terça-feira no jornal espanhol El País.
“Lula não quer ser comparado com as veleidades populistas e perturbadoras de outros líderes da América Latina. Quer parecer mais com um estadista de porte europeu”, afirma o El País.
Para o jornal, Lula é um dos políticos com o “melhor olfato” da situação e, apesar de sua popularidade recorde de 83% após seis anos no governo e das fortes pressões do PT, decidiu ficar fora da disputa.
O jornal destaca que as eleições de 2010, as primeiras em 20 anos em que Lula não aparecerá como candidato, apresenta três cenários possíveis.
O primeiro é a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, já defendida publicamente pelo presidente.
O jornal salienta, no entanto, que a candidatura de Dilma não virá “sem problemas”.
“Dilma não é a candidata defendida pelo PT, no qual nunca ocupou nenhum cargo e onde é vista como tecnocrata. E, sobretudo, ela não tem carisma pessoal”, diz o El País.
“Para remediar este inconveniente, seus assessores de imagem já começaram a trabalhar: substituíram os óculos por lentes de contato, mudaram a cor de seu cabelo e a submeteram recentemente a uma cirurgia plástica facial.”
De acordo com o diário espanhol, o segundo cenário seria a vitória de José Serra, candidato da oposição derrotado por Lula no segundo turno em 2002.
“A vitória de Serra seria uma verdadeira alternativa de poder e a mais temida pelo PT”.
E a última hipótese seria a defesa, por parte do presidente, de um candidato de fora do PT, pertencente a um dos 11 partidos da base aliada do governo.
“Um cenário que seria muito difícil de ser digerido pelos colegas do partido e que conta com a dificuldade de não existir um candidato capaz de fazer frente a Serra, que, hoje, tem 46% de intenções de voto”.