O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef reafirmaram à CPI da Petrobras o teor de depoimentos que já haviam prestado à Justiça Federal, em que apontam o pagamento de propina de R$ 10 milhões para evitar uma CPI no Congresso.
Youssef e Costa estão sentados frente a frente na CPI da Petrobras
Youssef confirmou o valor de R$ 10 milhões pagos pela empreiteira Camargo Correia ao então presidente do PSDB, Sérgio Guerra – morto em 2014.
Costa acrescentou que foi procurado por Sérgio Guerra e pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) para tratar do pagamento, que seria destinado a “abafar” a CPI.
Em depoimento à CPI, Costa disse que o deputado intermediou o encontro com Sérgio Guerra, ocorrido em um hotel no Rio de Janeiro. “Confirmo todos os depoimentos anteriores”, disse Paulo Roberto Costa.
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmaram à CPI da Petrobras o teor de depoimentos anteriores em que afirmam ter ocorrido o pagamento de R$ 1 milhão para a campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2010, dinheiro proveniente de irregularidades na estatal.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Eles divergiram, porém, em relação a quem pediu o dinheiro. Em depoimento na CPI da Petrobras em maio, em Curitiba (PR), Youssef confirmou que repassou R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado em 2010. Youssef disse que fez o repasse do dinheiro a pedido de Costa e confirmou a informação.
Costa nega, mas admite que houve o repasse. “Já participamos de uma acareação em Curitiba e há realmente uma contradição nesse ponto, mas o importante é que o dinheiro foi integralmente pago”, disse Costa.
Eles confirmaram o pagamento ao responder pergunta do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ).
Costa afirma que recebeu US$ 1,5 mi para não atrapalhar compra de Pasadena
Paulo Roberto Costa afirmou também que recebeu propina de 1,5 milhão de dólares para “não atrapalhar” a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. “Confirmo o teor dos meus depoimentos anteriores. Recebi essa quantia de Fernando Soares. Toda a compra foi conduzida pela área internacional e aprovada pelo conselho de administração da Petrobras”, disse, ao responder pergunta do deputado Bruno Covas (PSDB-SP).
Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, está preso em Curitiba (PR), acusado de ser o operador do PMDB no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Ele é acusado de ligação com o então diretor da área Internacional da companhia, Nestor Cerveró.
Paulo Roberto Costa fez questão de dizer que a compra da refinaria foi de responsabilidade do Conselho de Administração da Petrobras, presidido na época por Dilma Rousseff. “A diretoria não tinha autonomia para isso”, disse.
A Petrobras comprou a refinaria de Pasadena em 2006 por 1,18 bilhão de dólares. A mesma refinaria tinha sido comprada, um ano antes, por 42,5 milhões de dólares.
Dois ex-presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli e Graça Foster, disseram à CPI da Petrobras que o negócio, analisado hoje, foi ruim, mas que na época parecia promissor em função do preço do petróleo no mercado internacional – e que a desvalorização se deveu em parte à queda no preço do petróleo e à exploração do petróleo extraído do xisto nos Estados Unidos.
Costa diz que Gabrielli deu palavra final sobre compra de petroquímica com prejuízo.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras disse ainda que o ex-presidente da empresa Luiz Sérgio Gabrielli teve a palavra final sobre a compra da petroquímica Suzano pela estatal.
O empresário Auro Gorentzvaig, ex-sócio de outra petroquímica, a Triunfo, afirmou, em depoimento à CPI da Petrobras, que a estatal comprou a empresa Suzano Petroquímica por R$ 4,1 bilhões, sendo que a companhia, segundo ele, valia a metade.
Ao responder pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI, Gorentzvaig disse que a Quattor (junção das petroquímicas Suzano e Unipar) valia R$ 2,56 bilhões, conforme avaliação feita pelo Bradesco. De acordo com o depoente, depois da compra, a Petrobras vendeu a Quattor para a Braskem por R$ 2,5 bilhões.
“A palavra final dessa compra, que deu prejuízo à Petrobras, foi do Gabrielli?”, perguntou Altineu Cortes a Paulo Roberto Costa. “A palavra final foi do presidente das companhia”, respondeu o ex-diretor. Diante da informação, o deputado, um dos sub-relatores da CPI, disse que vai pedir uma nova convocação de Gabrielli, que já prestou depoimento à CPI.
Doleiro e ex-diretor da Petrobras mantêm versões divergentes sobre campanha de Dilma
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef mantiveram as versões divergentes para o suposto uso de dinheiro de propina para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
Youssef voltou a negar ter feito os repasses, mas deu a entender que houve repasses para a campanha, mas operacionalizados por outra pessoa.
Costa disse em depoimentos à Justiça Federal que o ex-ministro Antonio Palocci pediu na época R$ 2 milhões para a campanha, dinheiro que teria sido disponibilizado por Alberto Youssef. Em depoimento à CPI, o doleiro negou ter recebido o pedido e disse não conhecer Palocci.
Os dois ratificaram os depoimentos anteriores, mas Youssef acrescentou uma informação nova. “Eu não conheço Palocci, nem assessor dele, nem o irmão dele e não fiz o repasse. Mas existe outro réu colaborador que está falando. Há uma investigação em relação ao Palocci e em breve vocês vão saber quem repassou os recursos”.
Agência Câmara