Primeiro homem passa por cirurgia em gravidade zero.
Os médicos foram presos à aeronave para a operação.
Os médicos foram presos à aeronave para a operação.
Fonte BBC – London
Uma equipe de médicos franceses realizou com sucesso nesta quarta-feira a primeira cirurgia em um ser humano em condições de gravidade zero.
A bordo de um avião adaptado para a empreitada, os médicos removeram um tumor benigno do braço de um voluntário especialmente treinado, enquanto a aeronave realizava uma série de manobras para criar períodos de 20 segundos de gravidade zero.
Durante a operação, os cirurgiões e o paciente ficaram presos com cinturões, enquanto o paciente foi mantido dentro de uma tenda plástica desinfetada. Foram usados instrumentos especialmente projetados para as condições da operação, com ímãs para que fossem presos à mesa de operações metálica.
A cirurgia é parte de um projeto de longo prazo para estudar a possibilidade de realização de cirurgias durante vôos espaciais de longas distâncias.
Teste
Durante o vôo de três horas sobre o sudoeste da França foi usado um Airbus A300 G-Zero modificado, que fez uma trajetória parabólica para criar gravidade zero em períodos de cerca de 20 segundos.
O paciente Philippe Sanchot teria recebido uma anestesia local antes da decolagem, que ocorreu por volta das 9h30 (4h30, horário de Brasília).
A operação durou cerca de 11 minutos e teve 31 seqüências de manobras de gravidade zero de 22 segundos cada uma.
O paciente Philippe Sanchot passa bem.
Além do paciente, a equipe médica também foi treinada para lidar com a sensação de queda livre em máquinas parecidas com as usadas no treinamento de astronautas.
A operação “ocorreu sem nenhuma dificuldade em particular. Não estávamos tentando realizar um feito técnico, mas realizar um teste de praticabilidade”, disse o cirurgião-chefe, Dominique Martin, de acordo com a agência France Presse.
“Agora sabemos que um ser humano pode ser operado no espaço sem muitas dificuldades”, acrescentou.
Com duas horas contínuas de gravidade zero, os cirurgiões poderiam realizar uma operação para a extração do apêndice, afirmou Martin.
Os médicos franceses já haviam antes operado um rato em gravidade zero.
A próxima fase do programa será a realização de uma operação com o uso de um robô controlado da Terra, via satélite.
Longo prazo
“A estação espacial, atualmente, fica a 400 km da Terra, então é muito fácil trazer um astronauta de volta no caso de alguma emergência”, afirmou o professor Pierre Vaida, do Hospital de Bordeaux e integrante da equipe cirúrgica.
“Quando estamos fora da atração gravitacional da Terra, são necessários no mínimo vários dias para voltar. Então será necessário desenvolver uma medicina à distância e realizar cirurgia à distância para sermos capazes de cuidar da saúde de um astronauta”, acrescentou.
Os pesquisadores afirmaram que as técnicas de medicina remota também poderão ser usadas em algumas situações na Terra.
O equipamento seria usado para emergências em locais isolados como cavernas ou prédios que caíram devido a terremotos.