Saiu na midia – XXIV – Cláudio Lem(n)b(t)o

Menos, governador, menos.
Andrei Meireles – Revista Época.

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, embarcou agora a tarde para São Paulo para tentar acalmar o governador Cláudio Lembo.
Os pefelistas acham que ele anda falando demais.
A gota d’água foi a entrevista publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo em que culpou “a elite branca” pela violência no Estado desde a semana passada. A declaração lhe valeu o apelido de “nosso trotskista” entre os companheiros de partido.

Leia, abaixo, parte da entrevista de Cláudio lembo à jornalista Mônica Bérgamo da Folha de S.Paulo.

– Houve uma matança em São Paulo na madrugada de terça. A polícia está sob controle ou está partindo para uma vingança?
A polícia está totalmente sob controle (…).
Todas as noites há confrontos nas ruas da cidade e esses conflitos foram exasperados nesses dias. Mas vingança, não (…).
– O que pode dizer para um jovem de 15 a 24 anos, que vive em ambientes violentos da periferia? (…)
Tem duas situações muito graves: a desintegração familiar que existe no Brasil e a perda… (de qualquer) regramento religioso (…). Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa.
– Que ficou assustada nos últimos dia.
E que deu entrevistas geniais para o seu jornal. Não há nada mais dramático do que as entrevistas da Folha [com socialites, artistas, empresários e celebridades] desta quarta-feira. Na sua linda casa, dizem que vão sair às ruas fazendo protesto. Vai fazer protesto nada! Vai é para o melhor restaurante cinco estrelas junto com outras figuras da política brasileira fazer o bom jantar (…).
– Onde o senhor responsabiliza essas pessoas?
Onde? Na formação histórica do Brasil. A casa grande e a senzala (…). O cinismo nacional mata o Brasil (…).
O que eu vi [nas entrevistas para a Folha] foram dondocas de São Paulo dizendo coisinhas lindas. Não podiam dizer tanta tolice. Todos são bonzinhos publicamente. E depois exploram a sociedade, seus serviçais, exploram todos os serviços públicos (…). A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações.
– FHC a possibilidade de acordo com os criminosos para cessar a violência. (…)
Fernando Henrique poderia ter ficado silencioso (…). Pode ser que eventualmente ele tenha precedente sobre acordos. Eu não tenho.
– Alckmin telefonou para prestar solidariedade? Dois telefonemas (…).
Acho normal. Os pulsos [telefônicos] são tão caros…
– E o José Serra?
Não telefonou (…).
– As autoridades paulistanas garantiram, nos últimos anos, que o PCC estava desmantelado. Enganaram os paulistanos?
Não saberia responder. Eu não engano. Ganhamos uma situação mas é um grande risco. Temos que ficar muito atentos.
– Pode dizer que o PCC acaba até o fim de seu governo?
Só se eu fosse um louco. E ainda não estou com sinal de demência (…).
– O Fernando Henrique não telefonou?
Não, não. Ele estava em Nova York. O presidente Lula telefonou, foi muito elegante comigo (…).
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