Eremildo é um idiota e adora debates eleitorais.
Depois de assistir ao dueto Lula-Alckmin de quinta-feira, era outra pessoa. Instruído, foi à geladeira em busca de 8,3 cervejas a uma temperatura 7,5 graus inferior às da rodada anterior.
Depois de assistir ao dueto Lula-Alckmin de quinta-feira, era outra pessoa. Instruído, foi à geladeira em busca de 8,3 cervejas a uma temperatura 7,5 graus inferior às da rodada anterior.
Estimou que dentro de 125 minutos reteria apenas 1.345ml, ou 46% da bebida ingerida. Graças a Lula e Alckmin, as cervejas do idiota nunca mais serão as mesmas. Geraldo Alckmin é um dedicado mastigador de números.
Pode cometer uma frase sem verbo, mas sempre que pode enfia uma estatística. Lula brinca de cabra-cega com o singular e o plural, mas evitava o pernosticismo numérico. Afinal, é capaz de confundir 170 com 170 mil e dívida externa com dívida líquida.
Estimulado por um papelório constrangedor, Nosso Guia combateu Alckmin no campo da mastigação de estatisticas. Referiu-se a um “41 milhões de biodiesel” sem que se possa saber se falava de reais, toneladas ou dossiês.
Ao recitatório de Alckmin contrapôs auto-exaltação. Se os dois tivessem feito um torneio para mostrar quem decorou mais números de telefones, daria na mesma. (Eremildo se lembra de 12.) À primeira vista, a mistificação numérica do debate é produto de um hábito de Alckmin e de uma tática de Lula. Na segunda vista é bem mais. Os dois caíram na numerologia porque não querem falar de coisa séria.
Alckmin não perguntou, nem Lula respondeu de onde veio o dinheiro do Dossiê Vedoin. Alckmin não deu a menor pista de onde foram parar os R$ 200 bilhões da privataria tucana. Resolveram encenar o papel de candidatos de alto nível. Para evitar temas políticos capazes de dividir o eleitorado, recitaram números desconexos, apolíticos.
Não se pode dizer qual foi o melhor, mas pode-se garantir que os dois pensam que são espertos. Como Eremildo sabe que é um idiota, não se incomoda.