De Washington – José Meireles Passos
Há tempos o presidente George W. Bush vem tratando de reescrever por sua própria conta (leia-se: burlar através de subterfúgios) as leis em vigor para atingir os seus objetivos – com a ajuda de um fiel escudeiro, Alberto González, o procurador-geral de Justiça.
Foi assim, por exemplo, com o grampo telefônico e a interceptação de e-mails determinada sigilosamente por ele e que, dias atrás, uma juíza classificou como uma prática inconstitucional.
Bush tem procurado dar uma nova versão, uma versão própria, até mesmo à Convenção de Genebra. Para ele o fim justifica os meios.
Esta semana, porém, a polícia de Virginia travou os avanços do presidente. Fêz ver a ele que ninguém está acima da lei – e que neste país nem mesmo o presidente deve ter privilégios.
O episódio é prosaico.
Bush tinha que ir quarta-feira passada a um evento para levantamento de fundos para George Allen, um senador republicano, próximo a Mount Vernon, em Virginia.
De Washington até lá leva-se uma hora de carro. Por isso a Casa Branca pediu à polícia que fechasse – as 13 às 19 horas – uma pista da movimentada via expressa 395, para que Bush pudesse ir e voltar rapidamente e quando bem entendesse, em sua limusine.
A idéia seria bloquear ao povo a pista que habitualmente está reservada aos veículos ocupados por pelo menos duas pessoas (criada para desestimular o uso de carros por apenas uma pessoa, para ir ao trabalho, e assim reduzir o tráfego).
O pedido foi encaminhado pelo Serviço Secreto, que cuida da segurança do presidente. E prontamente negado pelas autoridades de Virginia.
Elas fizeram os cálculos e viram que entre 16 e 19hs cerca de 8.600 carros usam aquela pista, transportando aproximadamente 22 mil pessoas. Se ela fôsse fechada as demais pistas ficariam entulhadas até 22 horas, causando um enorme congestionamento.
Diante da insistência da Casa Branca, alguém providencialmente, alertou de que pegaria mal – seria um pesadelo político – a exibição de imagens do engarrafamento nos noticiários de TV, com a explicação de que ele fôra causado pelo presidente. Bush, então, resolveu fazer o óbvio: viajar no Marine One, o helicóptero presidencial.