É melhor acordar… Apesar de ser o país mais rico do mundo, os Estados Unidos ainda não conseguiram acabar com a pobreza. Como explicar isso? A resposta é mais simples do que se imagina: simplesmente não existe uma política específica de combate à pobreza.
Na meca do capitalismo é cada um por si. Hoje 37 milhões de americanos vivem abaixo da linha da pobreza. Leia-se: na miséria. Isso equivale a 12,6% da população. Acrescente-se a isso o fato de que 46,6 milhões de pessoas sequer têm seguro de saúde.
O Departamento de Trabalho registra um número positivo. A política de Bush ajudou a criar 5,5 milhões de empregos nos últimos três anos. “A taxa de desemprego é menor do que a média das últimas três décadas”, afirma Tracey Schmitt, porta-voz do Comitê Nacional Republicano.
O salário mínimo nos Estados Unidos não aumenta desde 1996. Palmas para o governo? Melhor aguardar um pouco. Afinal, o salário mínimo não tem sido aumentado desde 1996. E embora os salários, em geral, sejam hoje 1,9% mais altos do que em 2000, nos últimos dois anos a maioria dos trabalhadores (55%) não conseguiram sequer acompanhar o ritmo da inflação.
Pesquisa divulgada há pouco pelo Pew Research Center tem 69% dos trabalhadores afirmando que há mais estresse no trabalho hoje do que há dez anos; 62% dizendo que há menos segurança no trabalho; e 59% queixando-se de que são obrigados a trabalhar mais do que o comum para poder ganhar um salário decente.
Metade dos americanos na miséria é formada por crianças.
O mais chocante, no entanto, é a crescente perda do poder aquisitivo e o aumento da desigualdade no paraíso capitalista, segundo estudo da Brookings Institution, de Washington.
Gary Burtless, o economista que realizou o levantamento, registrou que entre 1989 e 2006 os americanos pobres tiveram ganhos reais equivalentes a 3% e a classe média 4,5%. Enquanto isso os ricos faturaram 52% mais e os ainda mais ricos – grupo que ocupa a restrita faixa de 1% do país – tiveram um ganho 75% maior naquele período.