Por José Meirelles passos – De Washington,Usa.
Osama bin Laden foi, dois anos atrás, um cabo eleitoral bem mais eficiente do que Saddam Hussein agora. Nem a sua condenação à fôrca, convenientemente decidida às vésperas da eleição, salvouW. do fiasco. Os americanos, ao que tudo indica, estavam se lixando com o destino de Saddam.
Eles, na verdade, se cansaram da política manca de W. para o Iraque. Sem contar que um outro fator influiu pesadamente na decisão dos eleitores: a corrupção no Partido Republicano. O aspecto mais irônico do resultado das eleições – haja ironia! – é que o Iraque acabou provocando uma mudança de regime nos Estados Unidos.
Mas há outro fato a ressaltar, e que torna a recente eleição num veredito ainda mais duro sobre W. É que não houve uma vitória dos democratas e, sim, uma derrota dos republicanos. Eles se auto-derrotaram. Cairam por conta de suas próprias mazelas. De sua arrogância. De sua incompetência.
As eleições fizeram com que W., por fim, vestisse a carapuça: ele se viu obrigado a demitir Donald Rumsfeld, cardeal artífice da guerra desastrosa. Afinal, se as coisas estivessem indo bem – como eleinsistira até o dia da votação – por que mudar o secretário de Defesa? Ainda permanece, porém, o sumo pontífice daquele desastre: o vice-presidente Dick Cheney.
Para não ficar chovendo no molhado, sobre os resultados da invasão, registram-se aqui dois fatos: antes da guerra havia 16 a 24 horas de energia elétrica por dia no Iraque: hoje há 4,7 horas. Do lado de cá, embora W. insista que servir no Iraque é um ato de patriotismo dos militares americanos, nem ele e tampouco Cheney ou Rumsfeld se dignaram a prestar uma última, e devida, homenagem aos que lá tombaram em nome de sua causa desastrada: nenhum dos três compareceu ao funeral de sequer um dos soldados mortos, embora já tenham tido quase três mil chances para isso.
(Por falar nisso, um recente levantamento feito pela Johns Hopkins University mostrou que nada menos do que 650 mil iraquianos já morreram por causa da guerra. Isso é vinte vezes mais do que diz o governo americano)