(*) Adriana Vandoni
Mais uma daquelas costumazes peças do vasto repertório de besteiras ditas pelo nosso presidente.
Recentemente ele disse, no Jornal Nacional, que “Acho que a única coisa que podemos fazer, primeiro, é tirar nossa gente; segundo, é chamar a atenção tanto do Líbano quanto de Israel de que foguete não resolve o problema de ninguém a não ser da empresa que produz”.
Será que ele não sabia que a guerra de Israel é contra o Hezbollah e não contra o Líbano? E a nossa diplomacia não poderia orientá-lo melhor para deixar de falar essas besteiras? Sei que é muito injusto culpar a nossa diplomacia por tantos deslizes, apesar dela ter perdido sua reputação nestes anos de governo Lula.
Casos como da Bolívia, Venezuela, e o drible que a China nos deu, no caso da soja, além de tantos outros, saltaram-nos aos olhos a enorme capacidade deste governo de desmontar as boas instituições que ainda nos restam.
Acredito que nossos diplomatas já devem ter cansado e desistido de quaisquer orientações. Bem, mas temos que reconhecer seu crescimento intelectual. Desta vez, Lula não confundiu Líbano com Líbia. Já foi uma grande coisa. Bom garoto!
No caso da frase dita pelo nosso Exmo, ele deveria ter sido alertado que o Líbano, não está em guerra com Israel, mas sofre pela proximidade geográfica com o visinho justamente pela incapacidade de expulsar os terroristas do Hezbollah, apoiados pelo Irã e Síria.
Porque Israel não atacou a Jordânia, o Egito, ou mesmo a Síria? Não existe no Líbano um Estado com um conjunto de instituições capazes de afirmarem-no como uma nação verdadeira e soberana, que tenha seus representantes para negociar com os governos dos países visinhos.
Apesar dela existir como um Estado territorial, inexiste uma nação Libanesa. É difícil para os amigos descendentes de libaneses aceitarem isso, mas é a verdade, e é absurdo permitir que o seu território seja utilizado como um mero escudo dos países visinhos que desejam enfraquecer ou desestabilizar o estado de Israel.
Porque a Síria ou o Irã não atacam Israel do seu próprio território? Não são tolos e sabem as conseqüências que esse ato causaria.
Quando o Líbano tentou seguir seu caminho, encorajada pela resolução da ONU de número 1559, que pedia a retirada das forças militares do Líbano, e via a possibilidade de tornar-se independente da Síria, um dos líderes nacionais, e então premiê do Líbano, foi assassinado.
A cúpula do poder da Síria foi acusada de ter tido participação nesse assassinato, tendo um relatório da ONU apontado a participação do cunhado do presidente sírio, Bashal al Assad, além de outros funcionários sírios. Outros jornalistas anti-Síria também foram assassinados, demonstrando cabalmente as pretensões e interferências da Síria sobre o país visinho.
Países ligados religiosamente aproveitam-se do ódio à Israel, mas pragmaticamente sujeitam apenas o Líbano às retaliações, porque é de lá que os mísseis e terroristas atacam o Estado Judeu.
A invasão do Líbano, e os absurdos das mortes de inocentes ocorrerão tantas outras vezes mais enquanto a sociedade libanesa aceitar a presença da facção terrorista em seu território.
Tenho amigos que têm parentes por lá, e até por isso compreendo a raiva que os Libaneses e descendentes possam ter do ato israelense, mas é necessária a compreensão da necessidade de desvincular a vida de seu povo da irracionalidade dos terroristas.
O pior é que esses radicais já têm um partido político no Líbano, provavelmente apoiado pelos países que os desejam lá para cumprir o papel de submeter a região às retaliações e invasões de Israel.
Caso a ONU o os líderes racionais locais não tracem, de uma vez por todas, negociações que permitam a presença do Hezbollah no território Libanês, desde que não causem essa influência negativa aos seus habitantes, teremos períodos cíclicos e intermináveis de guerra e paz que causarão mais pobreza e, consequentemente, mais ódio e desejo de vingança.
Adriana Vandoni (*) – é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ. Articulista do Jornal A Gazeta.