A era do progresso previsível do setor de tecnologia chegou ao seu limite. Como será sua evolução futura?
Desde então os chips têm se aperfeiçoado de acordo com a previsão de Gordon Moore, um dos fundadores da Intel. Em 1965, em um artigo publicado em uma revista científica, Moore escreveu que a capacidade de processamento dobraria, em média, a cada dois anos, com o aumento do número de transistores menores que poderiam ser colocados nos circuitos eletrônicos, o que melhoraria o desempenho e reduziria os custos. Esse aumento exponencial ficou conhecido como a lei de Moore.
O processador atual Intel Skylake contém cerca de 1,75 bilhão de transistores e meio milhão deles caberiam em um transistor do microprocessador 4004. Juntos eles aumentam a capacidade de processamento em mais de 400 milvezes.
Esse progresso exponencial é difícil de relacionar ao mundo físico. Se os automóveis e arranha-céus tivessem se aperfeiçoado nesse ritmo a partir de 1971, o carro mais rápido do mundo atingiria um décimo da velocidade da luz; o prédio mais alto do mundo chegaria à metade da distância da Lua.
O impacto da lei de Moore é visível na vida cotidiana. Hoje, 3 bilhões de pessoas carregam seus smartphones nos bolsos; cada um deles é mais potente do que os computadores de grande porte, que ocupavam uma sala de umedifício na década de 1980. Inúmeros setores foram afetados pela revolução digital.
A capacidade de processamento dos computadores diminuiu a frequência dos testes nucleares, porque as armas atômicas são testadas com mais facilidade com o uso de explosões simuladas, em vez de reais. A lei de Moore é um conceito válido até hoje. As pessoas dentro e fora do Vale do Silício acreditam que a tecnologia irá melhorar a cada ano.
Mas agora, depois de 50 anos, o fim da lei de Moore se aproxima (ver Technology Quarterly). O fato de fabricar transistores menores não mais garante que serão mais baratos ou mais rápidos. Isso não significa que o progresso no setor de tecnologia sofrerá uma súbita estagnação, e sim que a natureza desse progresso está em processo de mudança.
Os chips continuarão a se aperfeiçoar, porém em um ritmo mais lento; agora, segundo a Intel, o número de transistores em um chip tende a dobrar só a cada dois anos e meio.
O que isso significará na prática? A lei de Moore não é uma lei física, mas sim uma profecia autorrealizável, uma vitória do planejamento central no qual o setor de tecnologia coordenou e sincronizou suas ações.
Com seu desaparecimento, o ritmo do progresso tecnológico será menos previsível; é possível que surjam obstáculos em seu caminho à medida que as novas tecnologias com melhor desempenho sejam lançadas no mercado.
No entanto, como a maioria das pessoas avalia seus computadores e dispositivos eletrônicos em termos de suas funções, design e versatilidade de recursos, em vez de velocidade, é possível que os consumidores não percebam essa evolução mais lenta.
Fontes:The Economist-The future of computing