Henriqueta Lisboa – Versos na tarde – 09/02/2014

Tuas palavras, Amor
Henriqueta Lisboa ¹

Como são belas e misteriosas tuas palavras, Amor!
Eu nãos as tinha pressentido,
eu era como a terra sonolenta e exausta
sob a inclemência do céu carregado de nuvens,
quando, igual a uma chuva torrencial de verão,
tuas palavras caíram da altura em cheio
e se infiltraram em meus tecidos.

Ó a minha pletora de alegria!
As árvores bracejaram recebendo as bátegas entre as ramas,
as coroas bailaram numa ostentação de taças repletas,
os frutos amadurecidos rolaram bêbados no solo,
E eu vivi minha hora máxima de lucidez e loucura
sob a chuva torrencial de verão!

Como são belas e misteriosas tuas palavras, amor!
Minha alma era um rochedo solitário no meio das ondas,
perdido de todas as cousas do mundo,
quando, ao passar dentro da noite na tua caravela fugaz,
tu me enviaste a mensagem suprema da vida.
Tua saudação foi como um bando de alvoroçadas gaivotas
subindo pelas escarpas do rochedo, contornando-lhe as arestas,
aureolando-lhe os cumes.
E minha alma esmoreceu ao luar dessa noite
– ilha branca de paz num sonho acordado…

Amor, como são belas e misteriosas as tuas palavras!

¹ Henriqueta Lisboa
* Lambari, MG. – 15 de Julho de 1904 d.C
+ Belo Horizonte, MG. – 9 de Outubro de 1985 d.C


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