Quem acompanhou a movimentação tucana nas últimas semanas viu,como se registrou aqui há mais de um mês, que os sinais da “guerra surda” do tucanato são cada vez mais audíveis.
A matéria da Folha sobre a intenção do senador tucano de lançar um “manifesto” é uma tentativa – mais uma – de equilibrar-se entre a extrema-direita que se aglutinou à sombra de sua candidatura e a “realpolitik” de um partido político real, com pretensões de poder, como é o PSDB.
Parte cada vez maior do PSDB percebe que a aventura “coxinha”, cada vez mais radicalizada e isolada, pode (e, provavelmente, vai) empolgar uma parcela do eleitorado, mas que se atirar de cabeça nela é suicídio.
Mais claro não poderia ser o artigo de Fernando Henrique Cardoso, ontem:
“A oposição de hoje será governo amanhã. Portanto, não deve escorregar para o populismo e, sim, apontar caminhos(…)”, disse ele, criticando a adesão tucana à pauta irresponsável que Eduardo Cunha e Renan Calheiros usam para enfraquecer Dilma.
Aécio diz que vai propor uma “carta de princípios”, mas sabe que que, na política, os fins é que costumam contar para a direita.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Precisa, apesar dos xingamentos que já recebe, manter-se como nome palatável para a ultra-direita.
Senão, apeado do governo de Minas e enfrentando Geraldo Alckmin e o poder de São Paulo, será um general sem tropas, abandonado até – como ameaça ser – pelo “marechal” – sem votos, mas com prestígio nos círculos tucanos – FHC.
Ao mesmo tempo, tem de lidar com uma bancada – parte tucana, parte DEM, parte em partidos pequenos – ávida pelos holofotes do “trabalhador” Eduardo Cunha, que parece se dedicar a procurar tudo que esteja em tramitação na Câmara e possa causar desgaste a Dilma para levar imediatamente a voto.
Mas Aécio, de outro lado, também detém um poder imenso sobre o partido, porque acabou por se tornar o mais identificado líder do tucanato e conta com a força inercial do processo eleitoral de 2014.
Alckmin, Serra terão, como na frase célebre, de engoli-lo na presidência do partido e na liderança formal dos tucanos.
Fazer diferente seria um sinal inaceitável para um segmento de oposição que criaram, fundado num ódio irracional a qualquer coisa que não apenas se aproxime do Governo ou do PT mas com espasmos de brutalidade, autoritarismo e elitismo inacreditáveis.
É bom lembrar o que se pergunta em Lucas, 6,39:
“Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?”
Advertência válida para os que, do outro lado, não compreendem o que está em jogo e acham que política se faz meramente com vontades.
Por:Fernando Brito/Tijolaço