Lavadeiras
Cora Coralina ¹
Sombra da mata
sobre as águas quietas
onde as iaras
vêm dançar à noite. . .
Não. Mentira.
Façamos versos sem mentir
– Onde batem roupa
as lavadeiras pobres.
Sombra verde dos morros
no poço fundo
da Carioca
onde as mulheres sem marido
carregadas de necessidades,
mães de muitos filhos
largados pelo mundo
batem roupas nas pedras
lavando a pobreza
sem cantiga, sem toada, sem alegria.
Quero escrever versos verdadeiros.
Por que será, Senhor
que a mentira se insinua
nos meus versos?
Onde vive você, poeta, meu irmão
que faz versos sem mentir?
¹ Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas
* Cidade de Goiás, GO. – 20 de Agosto de 1889 d.C
+ Goiânia, GO. – 10 de Abril de 1985 d.C
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