Soneto LVI
Cláudio Manuel da Costa¹
Tu, ninfa, quando eu menos penetrado
Das violências de Amor vivia isento,
Propondo-te então bela a meu tormento,
Foste doce ocasião de meu cuidado.
Roubaste o meu sossego, um doce agrado,
Um gesto lindo, um brando acolhimento
Foram somente o único instrumento,
Com que deixaste o triunfo assegurado.
Já não espero ter felicidade,
Salvo se for aquela, que confio,
Por amar-te, apesar dessa impiedade.
Em prêmio dos suspiros, que te envio,
Ou modera o rigor da crueldade,
Ou torna-me outra vez meu alvedrio.
¹ Cláudio Manuel da Costa
* Mariana, MG. – 05 de Junho de 1729 d.C
+ Ouro Preto, MG. – 04 de Julho de 1789 d.C
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