“Este estado não é uma nacionalidade;
este país não é uma sociedade; esta
gente não é um povo. Nossos homens
não são cidadãos.”
Alberto Torres
Torres e Deuses
Bruno Tolentino
Em todo caso
ao ciumento
esprit de corps
de cuja ira
os bons soldados
voltam a dizer-nos
que nos cuidemos,
Bruno Tolentino
para que um dia,
de madrugada,
eles não saiam
numa parada
que ninguém mais
impediria
e façam a cama
entre os currais
enlameados
e a confraria
dos sargentões,
diante da mira
de seus canhões
hoje calados,
mas na tocaia.
A um tal estado
de coisas chamas
Nação, Estado,
Brasil… “Mentira!
Pura ilusão!
Às tuas torres
pertencem aos deuses
que tantas vezes
instituíste!
Nem fazes jus
a uma nação
que não possuis
nem construíste!”
ecoa a voz,
o eco triste,
cheio da ira
de Alberto Torres…
E quantas vezes
lhe ouviste a vaia
por entre as reses
mortas de fome
no pasto seco…
Fragmento do Livro Os Deuses de Hoje de Bruno Tolentino publicado em 1995.TORRES & DEUSES (1994)
a Alberto da Cunha Melo
“Este estado não é uma nacionalidade;
este país não é uma sociedade; esta
gente não é um povo. Nossos homens
não são cidadãos.”
ALBERTO TORRES