Eneida (extrato)
Virgílio¹
Ide-vos daqui, ide, ocos empolamentos de retórica
palavras inchadas com estalhadarço não ático
E vós, o Célio, ó Tarquício, ó Varrão
Corja de pedantes a pingar de gordura
Ide-vos daqui, címbalo louco da minha juventude.
E tu, ó Sexto Sabino, cuidado dos meus cuidados
fica bem: ficai bem meus caros
Nós levantamos ferro em direção aos pontos prósperos
Procurando doutas doutrinas do grande Sirão
E libertaremos a vida de todos os cuidados.
Ide-vos daqui, Musa; apre!
Vós também ide já
Doces Musas (confessaremos a verdade, fostes doces):
e contudo no futuro
visitai de novo os meus escritos,
mas discretamente e poucas vezes.
¹ Publius Virgílio Maro
* Andes, Mântua, Itália – 70 a.C.
+ – 19 a.C.
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Sobre a Eneida
Canto I
Partindo da Sicília, os navios de Enéias são atingidos por violenta tempestade provocada por Éolo a pedido de Juno.
Netuno acalma os mares; os navios são desviados para as praias do norte da África.
Vênus intercede pelos troianos; a chegada a Cartago; Dido acolhe os náufragos e lhes oferece um banquete durante o qual se apaixona por Enéias.
Canto II
Por solicitação de Dido, Enéias relata a história da guerra de Tróia, enfatizando os episódios que lhe determinaram o fim: o aprisionamento do grego Sinão, instruído por Ulisses para enganar os troianos, a introdução do cavalo de madeira na cidade, a saída dos soldados escondidos na calada da noite, a batalha noturna, o incêndio, o ataque ao palácio do rei, a vitória dos gregos, a fuga de Tróia, com Anquises e Ascânio, o desaparecimento de Creúsa.
Canto III
Continuando a narração, Enéias relata a rainha as peripécias e prodígios que marcaram a viagem dos troianos: as escalas na Trácia e em Creta, a partida para a Itália, o encontro com as harpias, a chegada ao Epiro e a Sicília e a morte de Anquises.
Canto IV
Dido se apaixona por Enéias, convida os troianos para participarem de uma caçada e se vale de um encontro casual, durante uma tempestade, para entregar-se ao chefe troiano.
Censurado por Júpiter, que lhe envia Mercúrio como emissário, Enéias se dispõe a abandonar Cartago, disposto a cumprir a missão para a qual fora preservado.
Dido, desesperada, o amaldiçoa e se suicida.
Canto V
Chegando novamente a Sicília, Enéias realiza jogos fúnebres em homenagem ao primeiro aniversário da morte de Anquises.
Canto VI
Fazendo uma escala em Cumas, Enéias consulta uma sacerdotisa de Apolo, toma ciência do que o espera, no futuro, e obtém permissão para fazer uma visita ao reino dos mortos; encontra-se com Anquises que lhe dá preciosas informações e fala do futuro de Roma.
Canto VII
Enéias chega a região do Tibre e o rei Latino se dirige ao oráculo de Fauno; são enviados embaixadores troianos ao rei, que oferece a Enéias a mão de sua filha, Lavínia.
Amata, a rainha, se enfurece com a aliança, o mesmo ocorrendo com Turno, chefe rútulo a quem a moça fora prometida em casamento.
É declarada a guerra entre latinos e troianos.
Turno obtém aliados, entre os quais os volscos, chefiados por Camila.
Canto VIII
Enéias procura fazer aliança com o rei Evandro enquanto Vênus solicita a Vulcano armas para o troiano.
Canto IX
Eclode a guerra.
Turno ataca os acampamentos de Enéias e dois jovens troianos, Niso e Euríalo, têm oportunidade de mostrar seu valor, embora encontrando a morte.
A mãe de Euríalo se lamenta. A guerra prossegue.
Canto X
Júpiter procura conciliar Juno e Vênus, a fim de que a guerra chegue ao fim.
A violência, entretanto, continua.
Há perdas importantes de ambos os lados.
Morre Palante, o jovem filho do rei Evandro, aliado dos troianos.
Canto XI
Faz-se uma trégua para que se enterrem os mortos; realiza-se o funeral de Palante; cogita-se numa proposta de paz; os exércitos inimigos, todavia, se defrontam.
A carnificina é terrível e morre Camila, rainha dos volscos, aliada de Turno.
Canto XII
Vendo o exército desanimado, Turno se dispõe a enfrentar Enéias num duelo; firmam-se as condições, mas o tratado é violado; uma seta fere Enéias e Vênus o cura.
O exército troiano chega até os muros da cidade e Amata se suicida.
Trava-se o combate singular entre Enéias e Turno.
O chefe troiano vence o inimigo e o sacrifica.