Vinícius de Moraes – Versos na tarde – 02/09/2013

Soneto da devoção
Vinicius de Moraes ¹

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez… — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

¹Vinicius de Moraes
* Rio de Janeiro, RJ – 19 de Outubro de 1913
+ Rio de Janeiro, RJ – 09 Julho de 1980


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