Paul Eluard – Poesia – 07/04/24

Boa noite.
A Noite
Paul Elouard¹

Acaricia o horizonte da noite,
busca o coração de azeviche
que a aurora recobre de carne.
Ele te porá nos olhos
pensamentos inocentes,
chamas, asas e verduras
que o sol ainda não inventou.
Não é a noite que te falta,
mas o seu poder.

¹Eugène-Émile-Paul Grindel
* Saint-Denis, França – 1895
+ Paris, França – 1952

O poeta adotou o “Éluard”, depois, que era o sobrenome de sua avó materna. Com 16 anos, acometido de tuberculose, foi internado no sanatório de Clavadel, na Suíça, onde teve como colega o nosso Manuel Bandeira. Foi o primeiro encontro de Éluard com um grande artista brasileiro.
Leia mais e o Poema Libertè, traduzido

Também no sanatório de Clavadel, Éluard conheceu e se apaixonou por uma jovem russa, Helena Diakonova, a quem deu o apelido de Gala. Os dois casaram-se durante a guerra, em 1917. Viveram juntos até 1929. Gala em seguida se casaria com o pintor espanhol Salvador Dalí.

Embora o trabalho de Paul Éluard tenha conhecido várias fases – foram dezenas de títulos publicados entre 1913 e 1952, ano de sua morte -, Paul Éluard tornou-se conhecido principalmente pela sua poesia surrealista. O poeta formou-se num momento extraordinário da vida cultural francesa. Conviveu intensamente com poetas como André Breton e Louis Aragon e uma esfuziante plêiade de artistas plásticos como Picasso, De Chirico, Dalí, Magritte, Miró, Man Ray e Chagall.

Dos nomes citados, alguns, como Aragon, se tornariam companheiros de Éluard no Partido Comunista francês. O poeta aderiu ao partido durante a Resistência, nos anos 40. É dessa época o poema mais conhecido de Paul Éluard, “Liberté”, publicado no livro Poésie et Verité (Poesia e Verdade), de 1942. No ano seguinte, aviões da Força Aérea Britânica lançaram milhares de cópias desse texto sobre Paris.

Para que o poema fosse impresso na Inglaterra, foi contrabandeado, desde a França ocupada, pelo pintor pernambucano Cícero Dias. Assim se deu outro encontro de Éluard com um artista brasileiro. A terceira convergência seria com Manuel Bandeira (outra vez) e Carlos Drummond de Andrade. Eles traduziram o poema “Liberté” a quatro mãos, ainda nos anos 40.

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