Para onde é que vão os versos
¹Cecília Meireles
Para onde é que vão os versos
que às vezes passam por mim
como pássaros libertos?
Deixo-os passar sem captura,
vejo-os seguirem pelo ar
– um outro ai, de outros jardins…
Aonde irão? A que criaturas
se destinam, que os alcançam
para os possuir e amestrar?
De onde vêm? Quem os projeta
como translúcidas setas?
E eu, por que os deixo passar,
como alheias esperanças?
¹Cecília Benevides de Carvalho Meireles
* Rio de Janeiro, RJ. – 7 Novembro 1901 d.C.
+ Rio de Janeiro, RJ. – 9 Novembro 1964 d.C.
[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
Órfã de pai e mãe desde os três anos de idade, foi criada pela avó materna.
Em 1917 formou-se na Escola Normal do Rio, dedicando-se ao magistério primário. Estreou em livro com Espectros (1919).
A partir da década de 30, lecionou Literatura Brasileira em várias universidades.