Dar e ter
Salvatore Quasímodo ¹
Nada me dás, não dás nada
tu que me escutas.
O sangue
das guerras secou,
o desprezo é um desejo puro
e não provoca nem o gesto
de um pensamento humano,
fora da hora da piedade.
Dar e ter.
Em minha voz
há ao menos um signo
de geometria viva,
na tua, uma concha
morta com lamentos fúnebres.
(Tradução de Aníbal Beça)
¹ Salvatore Quasímodo
* Sicília, Itália – 20 de agosto de 1901 d.C
+ Sicília, Itália – 14 de julho de 1968 d.C
Salvatore Quasimodo foi poeta, tradutor e crítico italiano. Prêmio Nobel de Literatura de 1959. Nasce na Sicília, filho de um ferroviário, e inicia seus estudos na cidade de Siracusa. Forma-se matemático em Palermo e, mais tarde, conclui o curso de engenharia em Roma. Ganha a vida como engenheiro e funcionário público nos dez anos seguintes e escreve poesia nas horas vagas até 1935, quando abandona a carreira para ensinar literatura italiana em Milão.
Seus primeiros poemas, publicados em um jornal literário de Florença, revelam sua ligação com os poetas herméticos Giuseppe Ungaretti e Eugenio Montale. São versos curtos, de estilo sofisticado, sobre temas pessoais próprios do intimismo dos poetas herméticos.
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