O Grande Banquete
Gabriel Nascente
Convidarei
Proust e Maiakóvski e Pound,
Rilke e Rimbaud,
materialistas e teólogos
(corja de loucos, graças a Deus!)
para tomarem comigo
um porre de justiça.
Primeiro cairemos num duelo de metáforas.
Depois estrangularemos o pescoço da miséria.
Mas atenção,
de arcabuzes ninguém entra!
Ouviremos o fragor das fráguas
neste bródio universal de homens.
E no fogo de nossas taças
brindaremos o amor subversivo
de Cristo.
Entrem logo, bardos meus,
para o banquete
dos excluídos.
As basílicas do mundo
estão falidas.
Deus está no húmus,
não precisa de nascer.
Vamos chover crisântemos
nos hospitais, nas favelas,
nas marquises e nos sonhos.
Vamos saudar a humanidade
com este florido
chapéu de pássaros.
Pintura: Claude Monet,1878