Pena Filho – Versos na tarde – 29/11/2014

Soneto para Greta Garbo
Pena Filho¹

Entre silêncio e sombra se devora
e em longínquas lembranças se consome;
tão longe que esqueceu o próprio nome
e talvez já nem saiba por que chora.

Perdido o encanto de esperar agora
o antigo deslumbrar que já não cabe,
transforma-se em silêncio, porque sabe
que o silêncio se oculta e se evapora.

Esquiva e só como convém a um dia
despregado do tempo, esconde a face
que já foi sol e agora é cinza fria.

Mas vê nascer da sombra outra alegria:
como se o olhar magoado contemplasse
o mundo em que viveu, mas que não via.

¹Carlos Souza Pena Filho
* Recife, PE. – 1929 d.C
+ Recife, PE. – 1960 d.C

Em 1952 publicou seu primeiro livro de poesias, “O tempo da busca”. Em 1955, “Memórias do boi Serapião”, ilustrado por Aloísio Magalhães.
“A vertigem lúcida” foi publicado em 1958, e, no ano seguinte, sua obra foi reunida no “Livro Geral”.
Organizada por seu biógrafo Edilberto Coutinho, em 1983 foi publicada a antologia “Os melhores poemas de Carlos Pena Filho”. Carlos Pena Filho morreu precoce e tragicamente no dia 1º de julho de 1960, vítima de um acidente automobilístico.


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