A curva dos teus olhos
Paul Éluard ¹
A curva dos teus olhos
dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço noturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
in “Algumas das Palavras”
(Tradução de António Ramos Rosa)
¹ Eugène-Émile-Paul Grindel
* Saint-Denis, França – 1895 d.C
+ Paris, França – 1952 d.C
[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]