Experimentando a manhã dos galos
Manoel de Barros
… poesias, a poesia é
– é como a boca
dos ventos
na harpa
nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha a noite
raíz entrando
em orvalhos…
os silêncios sem poro
floresta que oculta
quem aparece
como quem fala
desaparece na boca
cigarra que estoura o
crepúsculo
que a contém
o beijo dos rios
aberto nos campos
espalmando em álacres
os pássaros
– e é livre
como um rumo
nem desconfiado…