Poema
Lélia Frota ¹
Toda mulher fatal é cândida.
Cozinha o seu sonho de pedra
nuinha-eva entre pedras
entrepernas
molho da água da vida,
beira-mar
vive de apanhar sol
de apanhar lua,
ri.
Brinca com os mariscos que cozinha
acha conchas de vênus
se espanta de estar tão sozinha
sempre nascendo das espumas,
chora.
É ter dó dela
que só espera pela libertação
da grande lápide lilás
transparência
do Pão de Açúcar
que só espera
pela água alta do fundo
pelo sol perto: homem
que fará descer
com misericórdia
a pétala, a pálpebra
¹ Lélia Coelho Frota
* Rio de Janeiro, RJ. – 11 de julho de 1938 d.C
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