Boa noite
Amor… de mentiras
J. G. de Araújo Jorge ¹
Eram beijos de fogo, eram de lavas,
e sabiam a sonhos e ambrosias.
Com pensar que a boca com que os dava
era a mesma afinal com que mentias?
Se eras a mais humilde das escravas
em dádivas, anseios, alegrias,
– como prever que o amor que me juravas
seria mais uma das tuas heresias?
Como supor ser tudo um falso jogo?
E crer que se extinguisse aquele fogo
que acendia em teus olhos duas piras?
E descobrir, – no instante em que me amavas, –
que em tua boca ansiosa misturavas
ao mesmo tempo beijos e mentiras?
¹ José Guilherme de Araújo Jorge
* Tarauacá, AC. – 20 de Maio de 1914
+ Rio de Janeiro, RJ. – 27 de Janeiro de 1983