Teus Seios
J.G. de Araújo Jorge¹
Teus seios… quando os sinto, quando os beijo
na ânsia febril de amante incontentado,
-são pólos recebendo o meu desejo,
nos momentos sublimes de pecado…
E às manhãs… quando acaso, entre lençóis
das roupagens do leito, saltam nus,
-lembram, não sei, dois lindos girassóis
fugindo à sombra e procurando a luz!…
Florações róseas de uma carne em flor
que se ostenta a tremer em dois botões
-na primavera ardente de um amor
que vive para as nossas sensações…
Túmidos… cheios… palpitantes, como
dois bagos do teu corpo de sereia,
-tem um rubro botão em cada pomo
como duas cerejas sobre a areia…
Quando os tenho nas mãos… Quantas delícias!…
Arrepiam-se, trêmulos , sensuais,
e ao contato nervoso das carícias
tocam-me o peito como dois punhais!…
Meu lúbrico prazer sempre consolo
na carne destas ondas revoltadas,
-que são como taças emborcadas
no moreno inebriante do teu colo…
¹José Guilherme de Araújo Jorge
* Taraucá, AC. – 20 de Maio de 1914 d.C
+ Rio de Janeiro, RJ. – 27 de Janeiro 1987 d.C
Filho de Salvador Augusto de Araújo Jorge e Zilda Tinoco de Araujo Jorge.
Passou sua infância no Acre, em Rio Branco, onde fez o curso primário no Grupo Escolar, 7 de Setembro. No Rio , realizou o curso secundário nos Colégios Anglo-Americano e Pedro II Colaborou desde menino na imprensa estudantis.
Foi fundador e presidente da Academia de Letras do Internato Pedro II, no velho casarão de S.Cristovão, consumido pelas chamas muitos anos depois. Data dessa época, ainda ginasiano, sua primeira colaboração na imprensa adulta: em 1931 viu publicado o seu poema “Ri Palhaço, Ri” no “Correio da Manhã”, depois transcrito no “Almanaque Bertand” de 1932. Entretanto, este como outros trabalhos desse tempo, não foram incluídos em seus livros. Colaborou também no jornal ” A Nação” ; nas revistas: ” Carioca”, “Vamos Ler”, etc. Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil.
Em 1932, No Externato Colégio Pedro II, em memorável certame, foi escolhido o ” Príncipe dos Poetas”, sendo saudado na festa por Coelho Neto, “Príncipe dos prosadores brasileiros” recebendo das mãos da poetisa Ana Amélia, Presidente da Casa do Estudante, como prêmio e homenagem, um livro ofertado por Adalberto Oliveira, então ” Príncipe da Poesia Brasileira”.
Na Faculdade de Direito foi o fundador e o 1º Presidente da Academia de Letras, que teve como patrono Afrânio Peixoto, então professor de Medicina Legal.
Foi locutor e redator de programas radiofônicos, atuando nas Rádios Nacional, Cruzeiro do Sul, Tupi e Eldorado. Em 1965, era professor de História e Literatura, do Colégio Pedro II. Orador oficial de entidades universitárias, (do CACO da União Democrática Estudantil, precursora da UNE, da Associação Universitária, etc), ainda estudante, venceu concursos de oratória. Em Coimbra recebeu no título de ” estudante honorário” e fez Curso de Extensão Cultural na Universidade de Berlim.
Com irrefreável vocação política, foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se Deputado Federal em 1970 pela Guanabara, reelegendo-se já para o seu terceiro mandato em 1978. Ocupou a vice-liderança do MDB e a presidência da Comissão de Comunicação na Câmara dos Deputados.
Politicamente participou sempre das lutas anti-fascistas, como democrata e socialista. Lutou, ainda estudante, contra o “Estado Novo”. Foi preso e perseguido várias vezes durante esse período.
Deixou de ser orador de sua turma por estar detido na Vila Militar, sob as ordens do Gal. Newton Cavalcanti, durante todo “estado de guerra” de 1937.
Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra lírica, impregnada de romantismo moderno, mas às vezes, dramático.
Foi um dos poetas mais lidos, e talvez por isto mesmo, o mais combatido do Brasil.