Forma e Fundo
Ivo Barroso¹
Um poema precisa ser
mais que o simples
desenrolar da elipse
ascendendo em fuso
afunilado.
Se sobe
(e é bom que suba),
deverá desenrolar-se
de si mesmo,
multiplicar o impulso
inicial e acelerar
o arranque da subida.
Inútil, porém,
se nessa forma de hélice
despetalada em sons
e sílabas,
não tiver lá dentro
o combustível do sangue
o pulsar de um desejo
o fundo de um grito
que ateste a sua
condição humana.
Ivo Barroso¹
* Ervália, MG – 1929 d.C
Cursou o Colégio Vera Cruz, bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Catete e em Línguas e Literaturas Neolatinas pela Nacional. Foi um dos fundadores da revista Senhor e do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Foi assistente do redator-chefe das Enciclopédias Século XX, Delta Larousse e Mirador Internacional. Foi editor-chefe da revista Seleções do Reader´s Digest, em Lisboa.
Residiu na Holanda, em Portugal, na Inglaterra, na Suécia e na França. De regresso ao Brasil, após 25 anos de ausência, organizou a edição Poesia e Prosa de Charles Baudelaire para a Nova Aguilar e publicou as obras completas de Arthur Rimbaud pela Topbooks. Fez parte do Conselho Editorial da Poesia Sempre. Prêmios Jabuti e Biblioteca Nacional. Foi tradutor de vários livros importantes de poesia e de prosa da literatura mundial.
Traduziu cerca de 40 livros, sendo quatro de poesia: Os Sonetos, de Shakespeare; Os Gatos, de T. S. Eliot; Diário Póstumo, de Eugenio Montale e Hipóteses de Amor, de Annalisa Cima. Reuniu traduções de poemas esparsos na antologia O Torso e o Gato. Traduziu a obra completa de Arthur Rimbaud. Editou, de seu: O Corvo e suas traduções (ensaio) e A Caça Virtual e outros poemas (poesia)
Obras originais: Nau dos náufragos (poesia) Lisboa; Visitações de Alcipe (poesia) Lisboa; O corvo e suas traduções (ensaio).
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