H.Dobal – Versos na tarde

Ruínas
H. Dobal¹

Estas velhas paredes não confessam
à brisa sem memória os seus segredos.
A pedra construída sobre a pedra,
numa estranha argamassa reforçada
por suor de escravo e óleo de baleia,
como se alguém quisesse levantar,
contra o sereno da noite,
contra a ferrugem do mar,
uma alvenaria libertada
de tudo o que a morte corrompe.
Mas pouco permanece. Estas paredes
vão-se abatendo semi-destruídas
pelo puro movimento dos dias.

Bate na tarde um vento claro,
bate no peito uma lembrança
que estas paredes não confessam:
A vida. A mágoa sem remédio. O jogo do amor,
talvez mais difícil naquele tempo.

¹Hindemburgo Dobal Teixeira (H. Dobal)
* Teresina, PI. – 17 de Outubro de 1927 d.C
+ 2008 d.C


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