Hannah Arendt – Bondade e sabedoria devem ser inocentes

Filosofia:O amor à sabedoria e o amor à bondade

Hannah Arendt,Literatura,Blog do MesquitaBondade e sabedoria devem ser inocentes

Quando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade organizada ou como ato de solidariedade. Daí: Não dês as tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles». A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que se veja a si mesmo no ato de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro útil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja. Daí: Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.

(…) O amor à sabedoria e o amor à bondade, que se resolvem nas atividades de filosofar e de praticar boas ações, têm em comum o facto de que cessam imediatamente – cancelam-se, por assim dizer – sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom. Sempre houve tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do próprio ato, e todas elas levaram ao absurdo.

Hannah Arendt, in ‘A Condição Humana’

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