Os quatro cantos da lua
Elza Fraga
Mulher é quase sempre lua
aquela beleza intocada,
enrustida, invertida,
clareando quando passa
mesmo vestida está nua.
mulher é quarto de lua
luzindo cores no ato
simples, corriqueiro,
de pentear o cabelo
como se fossem seus raios.
Mulher as vezes crescente
deixa os que a cercam dementes
dependentes, inseguros
as vezes míngua e sai fora
queixos caídos no chão
onde ela pisa pesado
com a ponta do seu sapato
em surpreso coração…
As vezes nova atiça
porque novidade espicaça
os sentidos… dá cobiça…
mas quando ela fica cheia,
aí é que fica bonita
pega o raio do cabelo
joga por trás do ouvido
desprende o laço de fita
e nesse gesto estudado
perfuma o ar inteiro
deixa o rastro do seu cheiro
desce em muitos luares
redonda clara, brilhante
Só faz exibir seus encantos,
nunca vai ser tua presa,
submissa, doce amante…
escapa, volta pra toca
lá do outro lado do mundo
e continua brilhando