Carlos Pena Filho – Versos na tarde – 31/03/2015

Soneto oco
Carlos Pena Filho ¹

Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.

De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.

Mas ninguém o verá? Ninguém.
Nem eu, pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.

Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.

¹ Carlos Souto Pena Filho
* Recife, PE – 1929 d.C
+ Recife, PE – 1960 d.C


[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Share the Post:

Artigos relacionados