Soneto CCLXXIV
Luiz de Camões ¹
Já não sinto, Senhora, os desenganos,
Com que minha afeição sempre tratastes,
Nem ver o galardão, que me negastes,
Merecido por fé há tantos anos.
A mágoa choro só, só choro os danos
De ver por quem, Senhora, me trocastes;
Mas em tal caso vós só me vingastes
De vossa ingratidão, vossos enganos.
Dobrada glória dá qualquer vingança,
Que o ofendido toma do culpado,
Quando se satisfaz com causa justa;
Mas eu de vossos males e esquivança,
De que agora me vejo bem vingado,
Não a quisera tanto à vossa custa.
¹Luiz Vaz de Camões
* Lisboa,Portugal – c.1524 d.C
+ Lisboa Portugal – 10 de outubro de 1580 d.C
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