Poema
Catulo ¹
Suspende essa loucura, ó infeliz Catulo!
Considera perdido o que estiver perdido.
Outrora, para ti, o tempo não foi nulo
ao possuíres, Catulo, um corpo apetecido…
Mais nenhuma será por ti assim amada:
somente desejava o que tu lhe pedias
e só por teu amor se via desejada.
Decorriam, então, bem límpidos os dias!
Agora, não te quer. Não queiras tu também
perseguir quem te foge ou, infeliz, viver.
Sustenta o coração apenas a desdém;
mantém-no firme e diz-lhe adeus: – Adeus, mulher!
Não mais ir procurá-la; e não lhe pedir nada.
Mas ela há-de chorar: nada lhe pedirão…
O que será de ti, depois de abandonada?
Quem te há-de procurar ou beijar as mãos?
Quem amarás agora? A quem vais pertencer?
A quem iludirás? (Tentarás iludir-me…)
A quem hás-de beijar e que lábios morder?
– Mas tu, Catulo, tu, até ao fim, sê firme!
¹ Caio Valério Catulo
* Verona, Itália – 84 a.C
+ Roma, Itália – 54 a.C
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