Augusto dos Anjos – Versos na tarde – 15/08/2013

O Fim das Coisas
Augusto dos Anjos¹

Pode o homem bruto, adstricto à ciência grave,
Arrancar, num triunfo surpreendente,
Das profundezas do Subconsciente
O milagre estupendo da aeronave!

Rasgue os broncos basaltos negros, cave,
Sôfrego, o solo sáxeo; e, na ânsia ardente
De perscrutar o íntimo do orbe, invente
A limpada aflogística de Davy!

Em vão! Contra o poder criador do Sonho
O Fim das Coisas mostra-se medonho
Como o desaguadouro atro de um rio …

E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
* Espírito Santo, PB. – 20 de Abril de 1894 d.C
+ Leopoldina, MG. – 12 de Novembro de 1914 d.C

>> Biografia de Augusto dos Anjos


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