Quando voltares
António Cabral ¹
Quando voltares,
põe na tua voz, aquela flor azul que te ofereci.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te e os olhos se encham outra vez.
Ainda tens no gesto aquele susto que se enrolava
todo nos meus dedos e punha à nossa volta um colar de silêncios ardendo?
Tudo mudou, bem sei.
Naquela tília o Outono já começou; e nas tuas palavras algumas folhas devem ter caído.
Mas, se voltares, põe a flor azul, põe o passado no gesto e na voz.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te e os olhos se encham.
¹ António Cabral
* Castelo do D’Ouro, Portugal – 30 de abril 1931 d.C
+ Vila Real, Portugal – 23 de outubro de 2007 d.C
Ps. Mantida a grafia do português de Portugal
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