António Botto – Poesia – 03/08/24

Boa noite
Quanto, Quanto me Queres?
António Thomaz Botto

Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida…

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…

Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

¹António Botto
* Abrantes, Portugal – 17 de Agosto de 1897
+ Rio de Janeiro, Brasil –  16 de Mar de 1959

Share the Post:

Artigos relacionados