Álvares de Azevedo – Versos na tarde – 01/03/2014

O Sol e a Lagartixa
Álvares de Azevedo ¹

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito…
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

¹ Manuel Antônio Álvares de Azevedo
* São Paulo, SP. – 12 de Setembro de 1831 d.C
+ Rio de Janeiro, RJ. – 25 de Abril de 1852 d.C


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