Mário Quintana – Versos na tarde – 24/04/2017

Esperança
Mário Quintana¹

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é esperança

¹Mário de Miranda Quintana
* Alegrete, RS. – 30 de Julho de 1906
+ Porto Alegre, RS. – 5 de Maio de 1994
Texto extraído do livro “Nova Antologia Poética”, Editora Globo – São Paulo, 1998, pág. 118.

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