‘Telex’ teria de ser oferecido por provedores e governos.
Ainda em testes, sistema é alternativa aos proxies e ao Tor.
Um time de quatro pesquisadores das universidades de Michigan e Waterloo criou um sistema anticensura na internet que batizaram de Telex.
A tecnologia poderia ser usada por internautas para acessar páginas que são bloqueadas em seu país. No entanto, ela depende de mudanças na infraestrutura da internet e só poderia ser oferecida por governos e provedores.
O grupo que desenvolveu o projeto é composto por Eric Wustrow, Scott Wolchok, Ian Goldberg, e J. Alex Halderman.
Halderman é conhecido por sua pesquisa pioneira mostrando fraudes em urnas eletrônicas americanas e indianas.
Segundo ele, há um laboratório de teste com Telex que está permitindo a um colaborador chinês acessar vídeos do YouTube em alta definição.
O nome do software, Telex, é o mesmo de um sistema de comunicação, hoje pouco utilizado, que permitia o envio imediato de mensagens de texto para qualquer lugar do mundo a partir de aparelhos semelhantes à máquinas de escrever.
Como na internet, no Telex também cada máquina tinha um endereço único.
O Telex trabalhava com garantia de entrega das mensagens, o que o tornou popular, mas não impediu a perda de espaço para serviços de e-mail e fax.
Enquanto tecnologias hoje usadas para burlar a censura, como o Tor e proxies, dependem de um acesso ponto a ponto – ou seja, o usuário precisa acessar um computador, que então servirá de ponte para outro –, o Telex mudaria o roteamento (“caminho”) das conexões na internet, dando um desempenho superior para a conexão ou permitindo o redirecionamento do tráfego para proxies e conexões do Tor, dando menos trabalho para o internauta vítima do bloqueio e ocultando os endereços responsáveis pelo desvio.
Para conseguir isso, o Telex se divide em duas partes: o cliente Telex e a estação Telex
Telex explicação (Foto: Arte G1)
O cliente Telex
O internauta precisa apenas instalar o cliente do Telex.
Ao fazer isso, suas conexões com a internet são “mascaradas” como conexões seguras a sites protegidos por HTTPS.
O site acessado estaria fora do país em que o acesso é censurado.
Por exemplo, um internauta brasileiro poderia burlar uma censura estabelecida aqui – como a censura ao site do YouTube em 2007 – acessando um site censuro nos Estados Unidos, como um site de um banco.
Conexões HTTPS são naturalmente criptografadas e não podem ter seu conteúdo “lido” pelos sistemas censores.
Apenas o destino da conexão pode ser analisado.
Como o destino pode ser um site HTTPS qualquer, há uma infinidade de possíveis endereços que poderiam ser usados como máscara do acesso.
A conexão HTTPS solicitada, no entanto, é falsa – ela jamais poderá ser reconhecida pelo seu verdadeiro destino.
O censor, porém, não tem como saber isso, porque ela superficialmente difere pouco de uma conexão HTTPS qualquer.
Estação Telex
A estação Telex precisa ser instalada por provedores de acesso, provavelmente com incentivos do governo, segundos os próprios pesquisadores.
No momento em que a conexão HTTPS fajuta atravessou a fronteira do país que realiza os bloqueios, ela passa por diversos sistemas chamados roteadores, que ditam o “caminho” da conexão até seu destino.
Caso um desses roteadores tenha o software da estação Telex, ele poderá identificar que aquele acesso HTTPS na verdade é uma conexão Telex.
Usando uma chave secreta, ele poderá ler os conteúdos – o que não é possível em uma conexão HTTPS verdadeira -, identificar o destino real da conexão – o site que é bloqueado e inacessível ao internauta – e direcionar a conexão para sua rota verdadeira.
A existência de uma chave secreta significa que alguém teria de fornecer o serviço e distribuir um cliente Telex compatível. Para os pesquisadores, o Telex teria de ser disponibilizado por países “amigáveis”.
China e Irã são notórios por seus programas de censura na web, levando a tensões diplomáticas entre a China e os Estados Unidos.
Altieres Rohr/G1