Em reunião com representantes das comunidades terapêuticas, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo vai financiar o tratamento de dependentes químicos nessas entidades, a maioria mantida por instituições religiosas.
No encontro, a presidente criou um grupo de trabalho para revisar a resolução da Anvisa que estabelece as normas mínimas para funcionamento das comunidades terapêuticas.
– As comunidades se constituem importante recurso comunitário de apoio ao tratamento da dependência química no Brasil. Elas têm da presidente o reconhecimento e interesse de que façam parte de uma ampla rede de apoio à rede pública de saúde e assistência social, no tratamento e reinserção social dos dependentes químicos – disse a secretária Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça.
A secretária participou da reunião, que contou ainda com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O grupo de trabalho será coordenado pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, com a participação da Senad e dos ministérios da Educação, Saúde e Desenvolvimento Social.
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A secretária não informou quanto será destinado às comunidades terapêuticas.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]
– Como é uma resolução de 2002, deve ser revista para que possa atender essa nova perspectiva de acolhimento das comunidades terapêuticas como rede de apoio à rede pública de tratamento.
A resolução existe, muitas das comunidades atendem plenamente as exigências da resolução, mas outras têm dificuldades, especialmente no que se refere à infraestrutura e equipe técnica.
A decisão da presidente de colocar essa resolução em revisão é para acolher todas as comunidades – afirmou.
Representante das federações de comunidades terapêuticas no Brasil, o pastor Wellington Vieira, disse que há hoje no país 3.000 comunidades terapêuticas, atendendo cerca de 60 mil dependentes químicos, especialmente de álcool, crack e drogas.
Boa parte, segundo ele, é ligada a instituições católicas, evangélicas e espíritas.
– Fomos reconhecidos como um serviço de atendimento à dependência química no Brasil.
A presidente nos tirou da clandestinidade, nos legitimou. São 3.000 comunidades no Brasil que fazem tratamento de recuperação por iniciativa própria. A presidente reconheceu o serviço que prestamos no Brasil desde 1969.
Fomos incluídos na rede para receber financiamento, receber custeio, receber reforma e capacitação dos nossos profissionais – disse o pastor.
Segundo Vieira, o governo vai lançar um programa incluindo as comunidades no sistema de atendimento e criando vagas gratuitas para internação de dependentes químicos.
O pastor afirmou que é feita uma avaliação das condições sociais e econômicas do dependente, e as famílias colaboram no tratamento, mas alguns estados, como Alagoas, Minas Gerais e Piauí, financiam o atendimento nas comunidades terapêuticas.
– Temos amor e compaixão por essas pessoas que têm esse problema.
É feita uma avaliação sócioeconômica, e a família participa do tratamento. São ligadas (a religiões) e têm o despertar espiritual – afirmou.
Também participou da reunião com Dilma, o prefeito Cachoeirinha (RS), Vicente Pires, ex-usuário de drogas, que trabalha há 10 anos com comunidade terapêutica e implantou na cidade o projeto Cara Limpa, para tratamento e ressocialização de dependentes. A prefeitura financia 50 internações em comunidades terapêuticas.
– É o melhor caminho para trabalharmos e combatermos a grande chaga social que é o álcool e as drogas – disse.
Luiza Damé/O Globo
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