Uber vale mais que o Bradesco, Itaú, Petrobras e Vale; mas merece?

A empresa tem um valor de mercado elevadíssimo, na casa dos US$ 50 bilhões.

Uber, Blog do Mesquita

Não tem aplicativo em uma situação pior agora do que o Uber. Embora seja um negócio sensacional, ele acaba de ser proibido (lei que ainda requer regulamentação) em São Paulo e enfrenta diversos casos na justiça americana que podem fazer com que a empresa reconheça todos os motoristas como empregados – jogando os gastos da empresa na lua.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

Mas mesmo assim, a empresa tem um valor de mercado elevadíssimo, na casa dos US$ 50 bilhões. É um valor muito alto: supera todas as empresas da Bovespa, menos a Ambev (que vale US$ 77 bilhões). Ou seja, vale mais do que Itaú (US$ 40 bilhões), Bradesco (US$ 30 bilhões), Petrobras (US$ 29 bilhões), Vale (US$ 24 bilhões).

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Na verdade, ela vale mais do que a gigante GM (US$ 48 bilhões) e quase bate a Ford (US$ 54 bilhões) – empresas muito maiores e com muito mais história do que o Uber. Além disso, a empresa que conecta motoristas com pessoas que precisam de locomoção tem sido bastante comparada com duas startups de tecnologia que também alcançaram o valor de mercado de US$ 50 bilhões antes: o Facebook e a Amazon.

E essa comparação mostra o quanto o Uber está sobrevalorizado, mostra a Fox. Na época que o Facebook teve esse valor, já era uma empresa bastante lucrativa, com receitas de US$ 2 bilhões, com lucro operacional de US$ 1 bilhão e lucro líquido de US$ 606 milhões. O Uber teve receitas de US$ 400 milhões no ano passado e perdeu US$ 470 milhões – um grande prejuízo.

E mesmo com o aumento expressivo de receitas (que podem bater US$ 2 bilhões em 2015), a empresa não chegará nem perto da lucratividade do Facebook na época que ambos bateram esse valor de mercado.

Uma comparação mais razoável seria a Amazon, que também presta um serviço físico através da web. A primeira vez que a Amazon bateu o valor de mercado de US$ 50 bilhões, era uma empresa muito parecida com o Uber – receitas de US$ 1,6 bilhão e perdas operacionais de US$ 600 milhões.

Mas aí está a pegadinha: isso foi em 1999, no meio da bolha das dot-com. Quando ela estourou, a Amazon perdeu 90% do valor de mercado e só em 2007 voltou a alcançar a marca de US$ 50 bilhões. Na época, a Amazon tinha um lucro líquido de US$ 476 milhões e receitas de US$ 15 bilhões. O Uber precisa de três anos dobrando lucros para alcançar essas receitas.

Essa comparação mostra que existe uma bolha no mercado de private equity muito parecida com a do final dos anos 90, que vem sido especulada por muito tempo. E os efeitos dessa possível bolha poderão ser sentido por muitos investidores, principalmente aqueles que forem gananciosos demais. Para as startups, maravilha: dinheiro mais fácil e barato.

Mas entenda que isso não significa que não existam bons investimentos por aí (não estamos desaconselhando ninguém!). Quem acertar um investimento em uma boa startup ganhará muito dinheiro lá na frente, mesmo que o retorno seja menor por conta de alguma distorção de mercado. Mas é um investimento que precisa, sim, de racionalidade.

Se o Uber escalar seu negócio como a Amazon fez, poderá valer US$ 50 bilhões racionalmente um dia – ao contrário de um mercado exagerado. Mas com a série de buracos que vai se desenhando por agora, vai ser uma jornada bastante complicada.
Via InfoMoney

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