Quando uma grande economia entra em crise, o resto do mundo sente as consequências. No caso da China, elas podem ser gigantescas. Está óbvio que a economia chinesa enfrenta sérios problemas.
A fonte dos problemas financeiros da China é o modelo econômico adotado pelo país, que envolve poupanças muito altas e baixo consumo.
Este modelo só era sustentável enquanto o país crescia a um ritmo acelerado, o que gerava um alto investimento, estimulado pela ampla oferta de trabalhadores rurais mal remunerados.
Esse modelo entrou em choque e a China, agora, enfrenta o desafio de realizar a transição de uma economia de crescimento eufórico para moderado, sem cair em recessão. Esse processo pode ter sérias implicações para o resto do mundo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
George Soros chegou a comparar o cenário com a crise global de 2008, em um fórum econômico realizado esta semana, no Sri Lanka.
“A China enfrenta um grande problema estrutural. Eu diria que equivale a uma crise. Quando analiso o mercado financeiro, vejo um grande desafio que me lembra a crise que tivemos em 2008”, disse Soros.
Há duas possibilidades. A primeira é que o impacto das agruras chinesas será gerenciável. A China é uma grande economia que responde por um quarto da manufatura mundial e gasta mais de US$ 2 trilhões anuais em importação de bens e serviços.
É claro que tudo que ocorre lá afeta os demais países, mas o mundo é grande, com um PIB de US$ 60 trilhões anuais, excluindo a China.
Porém, a ameaça está nas ligações financeiras da China com os demais países, o que pode acabar tornando os problemas do país em uma crise global. O ciclo de negócios entre os países é mais sincronizado do que deveria.
Além disso, as crises têm o poder de contaminar o mercado financeiro mundial. Boas ou más notícias em uma grande economia afetam o humor de outra.
A grande preocupação é que a China exporte sua crise, fazendo o gasto com investimentos nos EUA, Europa e nos países emergentes despencar. Nenhum país está pronto para lidar com isso.
A maior aposta é que a China entre em crise, mas exporte apenas uma turbulência suportável para o resto do mundo.
A expectativa é que essa aposta se confirme, já que nenhuma economia do mundo tem um plano B para lidar com o contrário.
Fontes:
Bloomberg-George Soros Sees Crisis in Global Markets That Echoes 2008
The New York Times-When China Stumbles