Cherini quer o Brasil no caminho da Alemanha, fechando usinas nucleares
Critico da “caixa preta” em que se transformou o Programa Nuclear Brasileiro e dos sinais de insegurança nas usinas de Angra dos Reis (RJ), o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputado Giovani Cherini (PDT-RS), considera histórica a decisão do governo da Alemanha de desativar todas as suas usinas nucleares até 2022.
Ele concedeu a seguinte entrevista a este site:
A Alemanha anunciou a desativação de suas usinas nucleares até 2022. O que o Sr. achou disso?
Foi uma decisão histórica, uma decisão de Estado; que protege as futuras gerações alemãs e européias, e que reafirma a Alemanha como líder do bloco europeu.
É importante ressaltar que o reator de Angra 3 e toda a sua tecnologia são de origem alemã, e que a mesma seria construída inclusive com um vultoso empréstimo de R$ 3 bilhões de daquele país.
Esse empréstimo ainda faz sentido?
Tenho convicção que este empréstimo não sai mais, quer por coerência política do governo alemão, quer porque não haverá mais peças de substituição e manutenção dos padrões de excelência em tecnologia que a questão nuclear requer, pois as matrizes serão desativadas.
A energia nuclear é antieconômica (pois é mais cara), e está longe de ser a mais segura, e deveria ser a última opção do gestor, e não uma das primeiras.
Existem alternativas de energia limpa e mais barata…
O Japão não tem alternativas, mas já descobriu que a energia nuclear não é uma alternativa, pois deixa cicatrizes permanentes.
Já a Alemanha, como o Brasil, tem alternativas, e não continuará se arriscando com uma fonte de energia letal como a nuclear, mesmo tendo 25% de sua matriz ligada a este tipo de energia por mero capricho.
O Brasil deve seguir o exemplo da Alemanha?
Seria jurídica e politicamente questionável continuar em uma aventura na qual entramos com 50 anos de atraso, e que todo o mundo civilizado começa a se retirar.
Se Fukushima foi um marco, a decisão da chancelaria alemã foi o epílogo na energia nuclear no mundo. Que venham as matrizes renováveis, sustentáveis e seguras; como a eólica e a solar.
coluna Claudio Humberto