A pirâmide de Bernard Madoff – o ex-presidente da Nasdaq autor de um rombo de US$ 50 bi no mercado mundial – deixou várias vítimas no Brasil.
Tempos atrás, em meu Blog, a comentarista Bainca Feijó já havia antecipado vários pontos que agora começam a vir à tona.
O maior representante de Madoff no Brasil era Bianca Hagler, do grupo Fairfield Greenwich Group), filha de Alex Haegler. A família é milionária, com trânito em Milão, Londres, Madri, Genebra e Rio de Janeiro.
Tia de Bianca, Mônica Haegler é casada com o americano Walter Noel – melhor amigo e sócio há 20 anos de Bernard Madoff. E os Haegler têm relações de parentesco com Jorge Paulo Lehman, da Inbev.
Foi através da família da esposa, que Walter trouxe a pirâmide Madoff para o Brasil. Por aqui, a distribuição dos produtos ficou a cargo do Banco Safra, com sede também na Europa e nos Estados Unidos.
Os primeiros clientes foram frequentadores do Country Club, do Rio de Janeiro. Devido ao tombo, os Haegler foram proibidos de continuar frequentando o clube.
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A posição mais delicada é a do Banco Safra. Para aplicar nos fundos Madoff, o Safra montou em abril de 2006 uma empresa, a ZEUS PARTNERS LIMITED, com sede nas Ilhas Virgens. A empresa é controlada em 100% pelos Safra e seu board é constituído por Gerard Vila, Michael Paton and Charles Galliano.
O custodiante da companhia é o Banco Safra de Gibraltar. E a companhia se responsabiliza pela avaliação da origem dos recursos depositados – para evitar qualquer risco de se envolver com dinheiro ilegal.
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É aí que o jogo começa a complicar para o lado dos Safra.
Há cerca de uma centena de investidores no Zeus Partners. Conforme divulguei em meu blog, o diretor de CRM (sistemas de gerenciamento de clientes) de um grande portal, por exemplo, perdeu US$ 3.015.431,98; um ex-dirigente do Banco Santos (que está com os bens bloqueados) tinha US$ 1.073.435,35 em sua conta; o diretor executivo de TI de uma empresa média de informática tinha fabulosos US$ 13.270.567,51; e uma funcionária de TI da Secretaria da Fazenda de São Paulo US$ 565.129,15.
Todos esses casos são, no mínimo, indicativos de possível lavagem de dinheiro.
Mais que, isso, Nova York destinou ao caso o promotor Robert Morgenthal de Manhathan, o mesmo que atuou, por lá, no caso Banestado – que envolvia um banco nova-iorquino e está por trás do bloqueio de dinheiro do Opportunity Fund.
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A crise global acelerou um processo que era irreversível, mas fica sendo tocando lentamente: a desmontagem do enorme caldeirão das aplicações internacionais, no qual se misturavam de aplicações legal a caixa dois, passando por dinheiro de crimes políticos, de golpes corporativos e do submundo dos doleiros.
É mais um capítulo desse enorme jogo financeiro que se formou ao longo dos últimos trinta anos e que agora começa a implodir. Quebras, golpes, vítimas, todo esse caldeirão ajuda a reforçar a ação dos sistemas de repressão nacionais, agora atuando em conjunto em torno da chamada cooperação internacional.
Recessão
O Produto Interno Bruto (PIB) da União Européia caiu 1,5% no último trimestre do ano passado. Com o declínio de 0,2% registrado no trimestre anterior, a economia da região entrou oficialmente em recessão técnica. A queda do quarto trimestre foi a maior desde 1999, quando começou a medição. Segundo dados da agência Eurostat, no acumulado do ano, a economia da União Européia ainda conseguiu registrar avanço de 0,9%.
Pacote 1
O Parlamento alemão aprovou um pacote para socorrer a economia local, após o anúncio do recuo de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, a maior economia europeia, no último trimestre do ano passado em comparação com o terceiro trimestre de 2008. O país não tinha um resultado tão negativo desde a unificação alemã, em 1990.
Pacote 2
O governo da Espanha aprovou um pacote de 4 bilhões de euros – cerca de US$ 5,2 bilhões – para socorrer o setor automotivo do país. O plano propõe medidas para aumentar a demanda e atividades de pesquisa e desenvolvimento. A produção de veículos mais eficientes no uso de energia vai contar com aporte de 800 milhões do programa espanhol.
Suspensão
Os bancos norte-americanos JP Morgan Chase e Citigroup suspenderam os pedidos de hipotecas em inadimplência. De acordo com informações do jornal The Wall Street Journal, A medida segue até que o governo dos Estados Unidos confirme o plano para socorrer o setor imobiliário do país, com ajuda de bilhões de dólares aos mutuários em situação difícil. Os dois bancos acreditam que a suspensão deve valer até o dia 6 de março.
Na bolsa
A Bolsa de Valores de Londres confirmou o francês Xavier Rolet como novo diretor-geral da instituição. Ele vai ocupar o posto deixado por Clara Furse. Rolet, que tem 49 anos, é um ex-executivo do banco norte-americano Lehman Brothers, que quebrou no dia 15 de setembro, no ápice da crise internacional. Ele assume o novo posto em 20 de maio.
Alerta
Os governos devem evitar o protecionismo “pela porta de trás”. O alerta foi feito pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Ele afirmou achar pouco provável que os governos adotem medidas abertamente protecionistas, como a elevação de tarifas, mas disse que os pacotes para socorrer os sistemas financeiros locais podem conter medidas protecionistas “obscuras”.
blog do Luiz Nassif